Título: CNBB convida Bento XVI a vir ao Brasil em maio
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Vida&, p. A13

INDAIATUBA - O papa Bento XVI poderá vir ao Brasil em maio, se aceitar o convite da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para assistir ao 15º Congresso Eucarístico Nacional, de 18 a 21 de maio, em Florianópolis. "Esperamos que o Vaticano confirme até outubro a vinda do papa, pois acreditamos que o congresso será uma boa oportunidade para ele visitar o País", disse o arcebispo de Florianópolis, d. Murilo Krieger, que formalizou o convite em junho com aval da CNBB.

Se for a Santa Catarina, Bento XVI provavelmente estenderá a viagem a outras cidades, como Brasília, São Paulo, Aparecida e Rio. Para convencer a assessoria do papa de que ele deveria escalar o Brasil entre suas primeiras viagens internacionais, d. Murilo argumenta que João Paulo II participou de dois congressos eucarísticos brasileiros - em Fortaleza, em 1980, e em Natal, em 1991.

"Aparecida entrará com certeza no roteiro, por causa da importância que a devoção à Padroeira do Brasil tem para os católicos", disse o arcebispo de Aparecida, d. Raymundo Damasceno Assis. Ele lembra que convidou Bento XVI para conhecer a Basílica Nacional antes mesmo de a CNBB e o arcebispo de Florianópolis terem feito o seu convite.

O cardeal-arcebispo do Rio, d. Eusébio Scheid, não acredita que Bento XVI venha para o congresso eucarístico, porque se trata de uma evento religioso igual a outros que são promovidos, cada ano, em todos os continentes. "O papa não pode viajar para todos os congressos de âmbito nacional, mas, se viesse ao Brasil, certamente iria ao Rio", disse o cardeal.

A 43ª Assembléia Geral da CNBB, iniciada ontem em Itaici, no município de Indaiatuba, a 100 km da capital, analisa hoje os dados de uma pesquisa sobre o trânsito religioso - ou mudança de fiéis de uma igreja para outra. Feito pelo Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), o levantamento mostra que a Igreja Católica perde seguidores para as evangélicas, mas também que é grande a mobilidade entre essas igrejas.

Ontem à tarde, o padre Mário de França Miranda apresentou à assembléia uma análise dos desafios enfrentados pela Igreja no quadro de pluralismo cultural e religioso existente no Brasil. "Comparado com os anos passados, o nosso tempo se apresenta como mais difícil para viver como cristão e mais problemático para trabalhar pelo Reino de Deus", adverte o estudo, logo de saída.

Depois de lembrar a posição de liderança que a Igreja ocupou ao longo dos séculos, padre Miranda adverte que, se a situação mudou, é porque a sociedade se transformou. Ele chega à conclusão de que "a sociedade pluralista olha a Igreja como uma instituição do passado, sem conhecê-la em sua verdade". A crise da sociedade, afirma, é uma crise de fé.