Título: Líder do PL diz que manobra só criou desgaste
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - O líder do PL na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), defendeu ontem que o pedido de cassação de seu mandato seja o primeiro da "fila" de votações de processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara. Ele disse que encaminhou ofício ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), solicitando que o pedido de cassação de seu mandato seja encaminhado imediatamente ao conselho. Na avaliação de Mabel, a decisão de segurar o envio dos pedidos de cassação de seu mandato e do deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil, provocou um desgaste muito grande para ele e outros parlamentares. "Não quero ser protegido. Quero ser inocentado o mais rapidamente possível porque tenho certeza de que sou inocente. Quero estar na frente da fila", declarou.

O líder do PL está seguro de que seu mandato não será cassado, porque faltam provas contra ele. "Tenho total segurança de que não há nenhuma acusação sustentável contra o meu nome, que não tem nada comprovado contra mim, e meu nome não está em nenhuma lista de depósito de alguma CPI", afirmou Mabel.

Segundo o parlamentar do PL, o presidente licenciado do PTB, o deputado Roberto Jefferson (RJ), encaminhou o pedido de cassação de seu mandato para se "vingar" dele.

"Valdemar (o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto) renunciou e sobrou para mim", disse Mabel. O líder do PL argumenta que ele está pagando por uma situação que não criou porque foi o presidente do PL que apresentou o pedido de cassação de mandato de Jefferson no Conselho de Ética. Como Costa Neto renunciou em 1.º de agosto a seu mandato de deputado, na visão de Mabel, restou a Jefferson apenas a decisão de processá-lo no Conselho de Ética.

Mabel disse ainda que o desejo de vingança de Jefferson também se baseia no fato de o deputado do PTB ter tentado por duas vezes fazer um acordo com o PL para que o partido retirasse a representação contra ele no Conselho de Ética. Segundo Mabel, Jefferson queria, com esse acordo, poder renunciar e se candidatar a um novo mandato nas eleições do ano que vem.

"Nunca aceitamos isso", declarou Mabel.

A retirada do processo seria necessária porque, pelas regras em vigor, a renúncia feita depois do início de um processo de cassação não evita a perda dos direitos políticos do parlamentar cassado. Mabel reafirmou que não renunciará ao seu mandato. "Quem não deve não teme", disse o deputado.

O deputado goiano também negou que tenha declarado que o dinheiro recebido pelo presidente do PL servia para pagar material de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já que o vice-presidente da República, José Alencar, é do PL.

As dívidas, de acordo com Sandro Mabel, não foram todas contabilizadas pela campanha petista. "Essa é uma versão dada por Valdemar no dia de sua renúncia. Não é minha a versão."