Título: Valério diz à CPI que deu R$ 20 mi a Duda
Autor: Sérgio GobettiMarcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Marcos Valério não perdeu nenhuma oportunidade, ao depor na CPI do Mensalão, de atacar Duda Mendonça, marqueteiro do presidente Lula. Além de confirmar que deu R$ 15,5 milhões a Duda, por supostos serviços prestados ao PT, revelou que em 1998 pagou R$ 4,5 milhões ao marqueteiro pela campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas. Por fim, procurou caracterizar Duda como detentor de contas milionárias no governo: "Eu trocaria todas as minhas contas pelas contas que Duda Mendonça tem hoje." Pouco antes, Valério tinha dito que agências que comandam campanhas vitoriosas são beneficiadas com contratos polpudos no poder público. "A DM-9 (de Nizan Guanaes) fez a campanha do Fernando Henrique e atendeu às contas do governo. Duda fez a campanha do Lula e atende às melhores contas do governo", comparou. "Eu queria ter a conta do Banco do Brasil e a da Caixa Econômica."

Ao comentar que fez grande esforço para manter como cliente a Telemig Celular, que poderia ser comprada pela Portugal Telecom, mais um ataque. "Só com a conta da Brasil Telecom Duda Mendonça faturou mais de R$ 200 milhões, em 2003."

Valério entregou cópia do recibo de R$ 4,5 milhões pagos a Duda. Sobre os R$ 15,5 milhões, disse que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares o orientou a pagar. "Recebi autorização para pagá-lo, mas não sei para quê. Era a intimidade deles lá."

No depoimento, ele chegou a agradecer a alguns parlamentares, como o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), pela "cordialidade" com que trataram a sua mulher, Renilda.

Apesar de falar baixo e pacientemente, em alguns momentos ele deu respostas ríspidas. Foi o que ocorreu ao ser indagado se tinha queimado documentos. "Burro eu não sou. Eu seria preso por destruição de provas. Nunca fiz isso."