Título: Contrato com MG seria aval de empréstimo a Azeredo
Autor: Sérgio GobettiMarcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou ontem ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS) que o empréstimo feito em 1998 para financiar candidatos que apoiavam a reeleição do então governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) teve como garantia um contrato da Secretaria de Comunicação de Minas Gerais. Valério informou, também, que o empréstimo então contratado foi de R$ 9 milhões. Ao que Pimenta disse que, se corrigido, hoje esse empréstimo seria da ordem de R$ 58 milhões, mais do que os R$ 55 milhões que Valério diz ter tomado emprestados para o PT.

Sobre os empréstimos feitos para o PT, Valério disse que eles tiveram aval do então ministro da Casa Civil, hoje deputado José Dirceu (PT-SP), mas que nunca, nas reuniões de Dirceu com representantes dos bancos Rural e BMG, que concederam os empréstimos, o assunto foi mencionado.

EM MINAS

O esquema de financiamento de candidaturas montado em 1998 por Marcos Valério, a pedido do ex-tesoureiro do PSDB mineiro Cláudio Mourão, ajudou a eleger pelo menos 17 deputados estaduais e 3 federais que apoiavam a reeleição do então governador mineiro, o tucano Eduardo Azeredo. Os beneficiários do chamado "mensalinho" constam de uma lista de 79 depósitos que Valério entregou ontem à CPI.

A lista soma R$ 1,8 milhão, total repassado a políticos do PSDB, PPB (atual PP), PDT, PSB, PFL, PTB e PSD. O primeiro nome é da ex-senadora Júnia Marise (PDT), que não se reelegeu em 1998. Na época, Júnia recebeu R$ 200 mil, em dois repasses de Marcos Valério.

De acordo com o publicitário, o dinheiro veio de empréstimos bancários feitos por ele. Do total de R$ 9 milhões que Valério emprestou em 1998 no Banco Rural, R$ 1,8 milhão teria sido repassado a candidatos que apoiavam o ex-governador.

A lista, segundo Valério, lhe foi entregue por Mourão e tinha o objetivo de formar uma base de apoio na Assembléia Legislativa. Dos 17 eleitos, 5 eram do PSDB, 3 do PPB, 3 do PDT, 3 do PSB, 2 do PFL e 1 do PTB; 8 deles seguem na Assembléia e 4 ocupam cargos no governo Aécio Neves: Elbe Brandão, Olavo Bilac, Amílcar Martins e João Batista de Oliveira.

Os deputados federais foram Custódio de Mattos (PSDB), Romeo Anísio Jorge (PP) e Ibrahim Abi-Ackel (PP), que é relator da CPI do Mensalão. Cada candidato recebia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.