Título: Criminoso de guerra sérvio queimava suas vítimas vivas
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Internacional, p. A13

Milan Lukic foi preso segunda-feira em Buenos Aires; ele está condenado pelo assassinato de 16 muçulmanos bósnios em 92

BUENOS AIRES - A polícia argentina confirmou pelas impressões digitais que o sérvio detido segunda-feira em Buenos Aires é Milan Lukic, criminoso de guerra procurado pela Justiça internacional. Lukic foi condenado à revelia, em 15 de julho, a 20 anos de prisão pelo assassinato de 16 muçulmanos bósnios em 1992, na Guerra dos Bálcãs. Lukic, de 38 anos, vinha sendo procurado intensamente havia nove meses. Ele ficou tristemente famoso por queimar vivas suas vítimas.

Lukic é suspeito de ter cometido um massacre ainda maior, de 137 muçulmanos bósnios, com requintes de crueldade.

Segundo o porteiro de seu prédio, na Rua Junín, bairro de La Recoleta, Lukic morava lá havia 15 dias e comunicava-se em português, já que não entendia o espanhol. O paramilitar sérvio foi detido por agentes da Polícia Federal, Interpol e Serviço de Inteligência do Estado (Side) ao descer do táxi quando voltava do aeroporto de Ezeiza, onde havia ido buscar sua mulher e filha, que acabavam de desembarcar em Buenos Aires.

O governo da Sérvia e Montenegro pediu que Lukic seja levado diretamente para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia, Holanda, onde é acusado de crimes de guerra. Levado ontem ante o juiz Jorge Orso, o acusado afirmou ser inocente, mas aceitou ser extraditado para Haia.

Lukic integrava o grupo racista Osvetnici (Vingadores), que se dedicava a exterminar bósnios muçulmanos numa limpeza étnica. Em 14 de junho de 1992, ele teria aprisionado 65 bósnios, principalmente mulheres e crianças, numa casa em Visegrad, na Bósnia. Após fechar as portas, teria posto dezenas de bombas incendiárias ao redor da casa e ordenado sua explosão.