Título: CPI dos Correios decide convocar Gushiken e mais 10 pessoas
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Nacional, p. A8

Comissão também adia para amanhã testemunho de sócio de Valério, para que parlamentares que investigam mensalão participem

BRASÍLIA - A CPI dos Correios aprovou ontem a convocação do chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Governo. Na semana passada, na CPI do Mensalão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) incluiu Gushiken no rol dos que considera responsáveis pela corrupção no governo e disse que ele permitiu a "escandalosa" atuação do publicitário Marcos Valério em Brasília. O depoimento de Cristiano Paz, sócio de Valério nas agências SMPB e DNA, foi adiado de ontem para hoje pela CPI dos Correios, para que fosse tomado em conjunto com a do Mensalão. Amanhã, a CPI dos Correios ouvirá Zilmar Silveira, sócia do marqueteiro Duda Mendonça. Valério disse à Polícia Federal que repassou R$ 15,5 milhões para Zilmar.

Para evitar contestações na Justiça, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), anunciou que vai propor aos 18 deputados citados no esquema que enviem explicações por escrito. "Ou, se algum deles preferir, ouvi-los aqui na CPI."

A sessão da CPI aprovou a convocação de mais 10 pessoas. São Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT, Kátia Rabello, presidente do Banco Rural, Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, Rogério Tolentino, sócio de Valério, Egydio Bianchi, presidente dos Correios no governo FHC, Solange Pereira de Oliveira, secretaria do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e Marcus Vinicius Flora e Expedito Barsotti, que trabalhavam com Gushiken.

Na tentativa de ampliar a investigação para o governo anterior, os petistas da CPI aprovaram a convocação de Cláudio Roberto Mourão da Silveira. Ele foi tesoureiro da campanha à reeleição ao governo de Minas do hoje senador Eduardo Azeredo, presidente do PSDB. Foi aprovado também requerimento para que o governo mineiro informe todos os pagamento feitos à SMPB e à DNA entre 1995 e o fim de 1998 - período do governo Azeredo.

Foi aprovado ainda o pedido de informações por escrito ao ex-ministro tucano Pimenta da Veiga. Segundo investigações da CPI, ele teria recebido R$ 150 mil de empresas de Valério. O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira é outro que explicará por escrito os honorários de R$ 500 mil que recebeu de Valério por trabalhos prestados ao PT.