Título: Grendene busca nova imagem para a Melissa
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Economia & Negócios, p. B14

Coleções atuais da sandália têm a assinatura de estilistas famosos, de olho na consumidora adulta

Lembra da Melissinha, aquela que vinha com uma pochetezinha e que tinha Xuxa como garota-propaganda? Então, esqueça. A Grendene, dona da marca lançada em 1979, que nos anos 80 teve forte apelo com o público infantil, está investindo pesado para criar uma nova imagem para aqueles calçados de plásticos. Vai emprestar às novas coleções a assinatura de famosos estilistas, de olho na consumidora adulta, sempre disposta a gastar a mais pelo que usa. A Melissinha é coisa do passado e já está fora das prateleiras. A ponta das inovações da Grendene se traduz na inauguração, amanhã, da Galeria Melissa, na rua Oscar Freire, em São Paulo, um dos epicentros do mundo fashion do País. A empresa investiu US$ 1 milhão nesta loja-conceito, onde vai apresentar suas novas coleções. É como se a Melissa tivesse crescido e saltado do universo dos programas infantis da Xuxa para o agito fashion, a começar pelo espaço arquitetônico criado pelo designer, cenógrafo e artista multimídia Muti Randolph, que empresta ao plástico formas multicoloridas.

Tudo isso, no entanto, não passaria de um cenário, se a Grendene também não buscasse inovar os calçados da marca Melissa. Para tal, buscou contratos com estilistas como Karin Rashid, considerado um dos mais criativos profissionais de designer em plástico, que lança sua coleção amanhã em São Paulo. Egípcio, Rashid é hoje uma das estrelas da moda em Nova York.

Rashid, porém, não estará sozinho assinando as novas coleções da Grendene para Melissa. Alexandre Herchcovitch também e até os irmãos Campana, os brasileiros que conquistaram o mundo com cadeiras ousadas. Toda a intenção é focar a marca num universo de luxo, de desejo, em que se possa cobrar a mais pelo produto, desestruturando a própria imagem do plástico e agregando a ele mais valor.

O gerente de Marketing da Melissa, Paulo Pedó Filho, está convencido de que este espaço abrirá as portas para o produto conquistar definitivamente o mundo fashion.

Com faturamento bruto de R$ 226 milhões de janeiro a junho, 2,4% a mais que no mesmo período de 2004, a empresa contabilizou 86% do resultado vindo das vendas internas - era 82% no mesmo período de 2004 -, por conta de queda nas exportações, comum nesse período, uma vez que as vendas são maiores no segundo semestre. O detalhe importante é que a empresa conseguiu um aumento de 2,8% no preço médio do par, que chegou a R$ 11,17, compensando a queda de 0,5% no volume de vendas, de 20,2 milhões de pares, incluindo todo o mix de produtos, e já contando com a nova Melissa - sem diminutivos e com números maiores, agora para pés adultos.