Título: Para analistas de Wall Street, barril pode ir a US$ 70
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Economia & Negócios, p. B8

NOVA YORK - Não há alívio em vista para os preços do petróleo no futuro próximo, avisam os analistas em Wall Street. O sentimento comum diante dos recordes sucessivos de alta que os preços do petróleo vêm atingindo é de surpresa total: a economia mundial ignora a escalada nos custos de energia, mantendo um vigor do crescimento da atividade econômica. Na opinião do analista sênior da consultoria PFC Energy, Seth Kleinman, os preços do petróleo não devem parar de subir no curto prazo. "Estamos caminhando para US$ 70 por barril, pois há muitos fatores que pressionam os preços, como problemas nas refinarias, tensão no Oriente Médio, disputa diplomática entre Estados Unidos e Irã, além da demanda forte por gasolina nas férias de verão do Hemisfério Norte", afirmou Kleinman ao Estado. "Por outro lado, não há nada que possa fazer os preços do petróleo cederem."

Para Kleinman, o problema é de demanda: a economia mundial continua crescendo com robustez, o que dá impulso à demanda por petróleo e derivados. "E, ao mesmo tempo, não há nada que a Opep possa fazer, pois não há praticamente capacidade ociosa de produção. No ano que vem, países produtores fora da Opep vão trazer algum alívio, ao aumentar a produção, contribuindo para a oferta mundial. Mas, para resolver o problema somente uma redução na demanda por petróleo, provocada por uma desaceleração econômica mais acentuada nos países ricos."

Todavia, isso está longe de acontecer no momento. A maioria dos economistas está revisando para cima suas projeções para o crescimento da economia dos Estados Unidos, por exemplo. É o caso do ING Financial Markets, que elevou sua projeção de crescimento do PIB americano do segundo semestre deste ano de 3,5% para 4%. Segundo o economista para a área de pesquisa global do ING Financial Markets, James Knightley, a economia mundial também deverá crescer acima desse ritmo no segundo semestre. Para ele, é surpreendente o fato de que a disparada nos preços do petróleo nos últimos meses não tenha afetado a atividade econômica mundial nem a demanda por petróleo.

O vice-presidente d a consultoria de energia Purvin & Gertz, Kenneth Miller, também se disse bastante surpreso com a disparada nos preços do petróleo. "O patamar atual nos preços do petróleo é excessivo. Um preço de equilíbrio deveria ser muito mais baixo, pois o nível de alta atual não reflete o equilíbrio de oferta e demanda observada no mercado", afirmou Miller.