Título: Petróleo bate recorde novamente, mas recua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Economia & Negócios, p. B8

Barril chega a US$ 64,27 e fecha em US$ 63,07 após vendas para aproveitar os preços altos

NOVA YORK - As cotações de petróleo atingiram ontem um novo recorde durante o pregão nova-iorquino (US$ 64,27 por barril), mas fecharam o dia em queda com a realização de lucro (movimento no qual se vende para aproveitar os preços em alta). O recuo dos preços foi desencadeado pela redução das preocupações relacionadas com a produção das refinarias americanas e a divulgação de um relatório mais pessimista dos Estados Unidos sobre a demanda mundial pelo produto. O anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de que já aumentou a produção também ajudou a aliviar o mercado. Mas a tendência é que os preços continuem altos. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos de petróleo para setembro fecharam em US$ 63,07 por barril, queda de 1,36%). Em Londres, na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), os contratos de petróleo Brent para setembro fecharam em US$ 61,98 o barril, recuo de 1,15%. A máxima londrina chegou a US$ 63,06.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos rebaixou sua projeção de crescimento da demanda mundial de petróleo para 2005 em mais de 22%, refletindo a desaceleração acima das expectativas do crescimento na China. Segundo o departamento, a demanda mundial de petróleo deverá crescer 1,7 milhão de barris/dia este ano, para 84,2 milhões de barris/dia. Há um mês, ele previa um crescimento de 2,2 milhões de barris/dia na demanda.

A reação inicial do mercado foi de ceticismo, com analistas observando que o Departamento tem uma perspectiva geral de mercado em alta sobre a demanda de petróleo e os preços.

Porém a revisão em baixa das projeções deu a alguns negociantes um incentivo para realizarem os lucros dos acentuados ganhos de segunda-feira. "O relatório reafirmou o declínio inicial e pressionou o mercado para baixo", disse James Steel, analista da corretora Refco.

A Opep manifestou preocupação com os altos preços, confirmou que aumentou sua produção em 300 mil barris/dia, para 30,4 milhões de barris/dia e reiterou o pedido por maiores investimentos no setor de refino. Segundo o cartel, as últimas altas "estiveram impulsionados por uma série de interrupções em refinarias, o que agravou os gargalos no setor de refino em zonas-chave de consumo, ao que se somou um aumento nas tensões geopolíticas".