Título: Comércio mantém cautela e reduz encomendas
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Economia & Negócios, p. B1

O comércio está cauteloso com relação às encomendas para setembro, quando é provável que que ocorra a redução da taxa básica de de juros, a Selic, em resposta ao bom comportamento dos índices de inflação nos últimos meses. Isso é o que revela um novo indicador, o Índice Antecedente de Compras do Varejo (IAC), que começou a ser apurado mensalmente pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). A primeira edição do indicador, divulgada ontem, mostra que as lojas pretendem reduzir em 2,2% as encomendas para setembro em relação aos pedidos colocados para este mês.

O indicador, de âmbito nacional, ouviu 700 executivos de compras de 28 cadeias varejistas de portes médio e grande sobre as intenções de compras e pretende ser um termômetro do humor do comércio. O novo índice reúne dez setores: de grandes redes de supermercados a cadeias de eletrodomésticos e móveis, incluindo materiais de construção e lojas de departamentos. Juntas, essas 28 redes deverão faturar neste ano 25% do total do varejo, estimado em R$ 300 bilhões.

"O varejo não está confiante numa retomada significativa das vendas por causa de provável redução dos juros", diz o diretor geral da consultoria Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, responsável pela apuração do indicador.

Para este mês, no entanto, o índice aponta um resultado favorável. As encomendas para agosto estão 15,8% acima das registradas no mesmo mês de 2004. Descontada a inflação do período, a variação real é de 8,9% e boa parte desse resultado deve ser impulsionado pelo Dia dos Pais.

"Agosto poderá ser o último suspiro de prosperidade", diz Flávio Rocha, presidente do IDV. Ele observa que até mesmo o crediário, que tem sido a locomotiva do varejo nos últimos meses, já dá sinais de cansaço. No indicador de encomendas para setembro, o recuo mais significativo foi registrado nos alimentos.