Título: IGP-M volta a apontar deflação na primeira prévia de agosto
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

A deflação retomou fôlego na 1ª prévia de agosto do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), cuja taxa caiu 0,36%, ante queda de 0,09% na prévia de julho. Abaixo das estimativas do mercado, o resultado foi o menor desde junho de 2003, e a quarta queda consecutiva nesse tipo de indicador. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), taxas negativas no atacado na soja (-0,25%), bovino (-1,23%) e milho (-0,78%), puxaram para baixo a inflação. O cenário ainda foi beneficiado pela alta cambial,que baixou preços de produtos relacionados ao dólar, e por deflação no varejo e construção civil. A queda no indicador, cujo período de coleta de preços foi de 21 a 30 de julho, fortaleceu a possibilidade de uma quarta deflação consecutiva no IGP-M fechado de agosto, avaliou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. "A possibilidade era remota. Com esse resultado, deixou de ser." Se houver nova queda no IGP-M, completou, não é indicativo de recessão, pois há outros indicadores macroeconômicos que não demonstram sinais recessivos - como os bons resultados da produção industrial.

Segundo Quadros, o Índice de Preços por Atacado (IPA), de maior peso no IGP-M, caiu 0,48%, ante queda de 0,23% em igual período em julho. Esse cenário deve-se à queda nos preços das matérias-primas brutas (-0,77%) que influenciou o recuo no preço de produtos agrícolas (-1,18%). Outro fator que contribuiu foi a deflação nos produtos industriais (0,25%), devido ao câmbio e ao setor de Ferro, Aço e Derivados (-1,7%).

No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve deflação de 0,16% em agosto, ante alta de 0,02% na 1ª prévia de julho. O recuo no gás de botijão (-1,1%) foi determinante, pois o impacto do reajuste de telefonia fixa (2,44%) foi parcialmente compensado pelo recuo na tarifa de energia residencial (-1,07%).

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) caiu 0,05%, ante alta de 0,58% em julho. Até a primeira prévia de agosto, o IGP-M acumula altas de 1,04% no ano e de 3,74% em 12 meses.