Título: Valério: Gushiken sabia de empréstimos
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2005, Nacional, p. A10

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse, na madrugada de ontem - no final de seu depoimento de 14 horas à CPI do Mensalão -, que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Governo (Secom) e hoje chefe Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken, também sabia dos empréstimos ao PT e dos repasses para caixa 2 de políticos. Valério ressaltou que não tinha provas e fazia a declaração com base no que ouviu do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Marcos Valério assegurou aos parlamentares, ainda, que o senador e presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais, tinha conhecimento de operação semelhante adotada em 1998 para repassar dinheiro à campanha do PSDB mineiro. "Ele sabia", reforçou o empresário.

O deputado tucano Nárcio Rodrigues (MG) acabara de dizer que Gushiken e o ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP) estavam "envolvidos até a cabeça" nas denúncias, mas assegurara que Azeredo não sabia das operações ocorridas em Minas.

Valério respondeu: "As suas últimas palavras, deputado, eu endosso todas. Que o ministro José Dirceu sabia e o Gushiken. Mas não tenho provas, não vi, não conversei. São conversas que tive com o senhor Delúbio Soares." Mas ele ponderou: "Que o senhor Eduardo Azeredo não sabia eu não endosso."

USADO

Marcos Valério encerrou sua fala dizendo que foi usado pela cúpula do PT. "Em português claro: me senti usado pelo PT, pela cúpula do PT. O senhor Delúbio Soares, o senhor Marcelo Sereno (ex-secretário de Comunicação do PT), o senhor Sílvio Pereira (ex-secretário-geral), o senhor José Genoino (ex-presidente do partido) e o senhor José Dirceu", disse.

Valério contou aos integrantes da CPI do Mensalão que se deu conta disso quando o governo cancelou todos os contratos que tinha com suas agências de publicidade, depois de estourar o escândalo do mensalão.

Horas antes, Valério fizera duras críticas a Dirceu, que tratou como "inimigo". Acusou-o, ainda, de dar aval político aos empréstimos ao PT.