Título: Remessas do banco por CC-5 chegam a US$192 milhões
Autor: Vannildo Mendes e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2005, Nacional, p. A12

O ex-funcionário do Banco Rural Odilon Cândido Bacelar Neto prestou depoimento ontem na Justiça Federal, em Belo Horizonte, e afirmou que a direção do banco foi a responsável pelo envio ilegal de pelo menos US$ 192 milhões para o exterior, por meio de contas CC-5. O vice-presidente do Rural, José Roberto Salgado, quatro executivos e um ex-diretor foram denunciados recentemente pelo Ministério Público Federal (MPF) por gestão fraudulenta e formação de quadrilha. Apontado como doleiro e identificado nas investigações como o "aliciador de laranjas", supostamente utilizados para a evasão de divisas, Bacelar Neto foi responsabilizado pelas operações ilícitas em depoimentos prestados anteriormente - a portas fechadas - pelos dirigentes do Rural.

"Somente um banco pode fazer remessa para o exterior via contas CC-5. Você poderá, fora isso, carregar uma mala de dinheiro. Como não se trata de carregar mala, quem fez as remessas foi o banco", contestou o advogado Sidnei Saffe, que representa Bacelar Neto. Segundo ele, Bacelar era apenas um "empregado da mesa de câmbio do banco, que cumpriu as regras". Para o advogado dos executivos do Rural, Maurício Campos Júnior, a estratégia de Bacelar é obter delação premiada. "Ele era um doleiro conhecido e prestava serviços a outros doleiros no Paraná." O ex-operador de câmbio do Rural, acusado no processo pelo crime de formação de quadrilha, já foi condenado a cinco anos e nove meses de prisão por aliciamento de doleiros para o Banco Plus, do Paraguai.