Título: PF indicia ex-gerente da Leão Ambiental
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2005, Nacional, p. A13

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, ouviu o depoimento do ex-gerente comercial da Leão Ambiental, do grupo Leão Leão, Fernando Fischer, ontem à tarde, e o indiciou por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro no inquérito que investiga fraudes em licitações de lixo em várias prefeituras paulistas. Para o delegado, dados importantes foram confirmados, como corrupção de funcionários públicos responsáveis pelos processos licitatórios. "Se pagava algum tipo de bebida (uísque), presente ou até mesmo churrasco, de forma estranha, e somente para funcionários de prefeituras que mantinham contratos de licitação para prestação de serviços", explicou Valencise. Fischer foi o terceiro a ser ouvido nas últimas semanas neste inquérito, que ainda depende do depoimento do advogado Rogério Tadeu Buratti, ex-secretário de Governo de Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto. Também será ouvido o ex-diretor comercial da Leão Ambiental, Marcelo Franzine - seria ouvido amanhã, em São Paulo, mas não foi localizado no endereço que a polícia tinha. Segundo Valencise, se Franzine e Buratti dificultarem os trabalhos e se ocultarem, poderá ser pedida a prisão temporária de ambos. Buratti mora em Belo Horizonte e seu advogado, Roberto Telhada, teria se comprometido com Valencise que ele irá depor em Ribeirão Preto.

Sobre o depoimento de Fischer, Valencise informou que o ex-gerente comercial da empresa "confirmou expressamente a existência dos presentes que eram dados para as pessoas", mas "é óbvio que ele não confirma que isso era um meio de corrupção". O delegado acrescentou que os presentes partiam do caixa da empresa. Fischer foi ouvido como investigado e não como testemunha e a informação de que ele não acreditava em cometer crimes ao corromper funcionários públicos não convenceu o delegado.

Fischer teria alegado que os "presentes" eram dados em decorrência da competitividade do mercado, assim como troca de informações entre empresas e presenças assíduas da Leão Ambiental em prefeituras. "Com informações privilegiadas era possível estabelecer um preço para a realização do trabalho (indicado na licitação)", disse Valencise.

"Não temos mais dúvidas e estamos esperando o final do inquérito, pois temos a convicção de como funcionava tudo isso", afirmou o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, que acompanhou o depoimento.

Além de Fischer, Wilney Barquete, ex-presidente da Leão Leão, foi indiciado semana passada por formação de quadrilha, lavagem e sonegação fiscal. O presidente do Grupo Leão Leão, Luiz Cláudio Ferreira Leão, só não foi indiciado pois uma liminar em pedido de habeas-corpus impedia tal procedimento por parte do delegado.