Título: Policial diz que sacou, mas não levou para Duda
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/08/2005, Nacional, p. A13

O policial civil Luís Carlos Costa Lara confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal em Belo Horizonte, que efetuou saques de R$ 600 mil das contada de Marcos Valério, mas negou que tenha entregue o dinheiro a intermediários do marqueteiro Duda Mendonça. Ele contou que o dinheiro foi entregue à SMPB, agência de Valério. No depoimento à CPI do mensalão, anteontem, o publicitário disse que o dinheiro sacado por Lara e pelo policial civil David Rodrigues Alves vinha de cheques para Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda, que seria o destinatário final. À PF ontem Lara admitiu que conhece o doleiro Jader Kalid Antônio, suspeito de ter intermediado o envio do dinheiro a Duda Mendonça. Segundo o delegado federal Rodrigo Teixeira, que o ouviu em Belo Horizonte, Vaz reconheceu que já fez "bicos" para o doleiro, como cobranças e transporte de valores. Mas assegurou que não estava a serviço de Kalid neste caso e não fez referências a Duda. "Isso é o que ele diz. Ainda vamos ter de apurar", advertiu o delegado.

Lara ficou na PF por duas horas no fim da tarde de ontem e saiu sem falar com a imprensa. Intimado a pedido do delegado Luiz Flávio Zampronha, que preside o inquérito em Brasília, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), ele prestou um termo de declaração como possível investigado. A condição, pedida por seus advogados, o libera da obrigação de só falar a verdade.

No depoimento a Teixeira, Lara contou que foi chamado para fazer o trabalho por um taxista chamado Márcio Ricardo Vaz, que seria encarregado de buscar o dinheiro no Banco Rural para a SMPB. Vaz, prosseguiu, pagou-lhe R$ 50 pelo trabalho, que envolvia a segurança e o transporte do dinheiro. O taxista, segundo o policial, morreu recentemente.

Apesar da alta soma em dinheiro, Lara disse ter ido com o taxista à agência do banco e entregue o pacote a um motoboy, encarregado de levar a encomenda para a SMPB. A versão é parecida com a do outro policial civil, David Rodrigues Alves, que sacou R$ 4,9 milhões.

Teixeira disse que Lara parecia "tranqüilo" no depoimento. Ele contou que não há ainda pedido de Brasília para ouvir Kalid e o churrasqueiro Francisco de Assis Novaes dos Santos, que sacou R$ 1,25 milhão. O doleiro confirmou ontem que Novaes e Lara já trabalharam para ele, mas voltou a dizer que não sabe porque seu nome foi envolvido no escândalo. Ele afirmou não ter contato com Duda Mendonça.