Título: Compra de carros causou suspeita
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2005, Metrópole, p. C1

FORTALEZA - Preso sob suspeita de integrar a quadrilha que roubou R$ 164,7 milhões do Banco Central, o empresário José Charles Machado de Morais comprou dez veículos, no valor total de R$ 980 mil, no sábado, antes de a Polícia Federal saber do assalto, na revendedora Brilhe Car, na zona oeste de Fortaleza. Morais e o motorista Francisco Rogério Maciel de Souza, que dirigia o caminhão, tiveram prisão decretada ontem. Primeiros a serem presos pelo roubo ao BC no Ceará, os dois chegaram às 13 horas de ontem à sede da Superintendência da PF de Fortaleza. O empresário é dono da Transportadora J.E. e, no momento da prisão, viajava como passageiro no caminhão-cegonha de sua empresa, que transportava 11 veículos de Fortaleza para São Paulo. Em dois desses carros - uma Mitsubishi L-200 e um Montana - foram achados R$ 3 milhões.

Quinze dias antes do fechamento do negócio, Morais esteve na Brilhe Car com seu pai, um irmão, uma criança e um suposto empresário paulista. Na loja, disse ter planos de fazer nos próximos dias grande aquisição de carros para vender em São Paulo. No sábado, antes da divulgação do assalto, o empresário retornou sozinho à revendedora e concluiu a compra. Levou todos os carros para a sua transportadora, a duas quadras da revendedora.

Anteontem, a PF descobriu a negociação e intimou os donos da Brilhe Car, os irmãos José Elizomarte e Dermival Fernandes, que relataram a venda e apontaram Morais como o intermediador. Eles forneceram o endereço e os telefones de Morais. Por meio de interceptação telefônica, os policiais localizaram Morais em Curvelo, no interior de Minas. Três policiais do Ceará, que viajaram para Minas, apreenderam o caminhão em Sete Lagoas.

Irmãos do motorista disseram que ele é inocente. Adriana de Abreu, responsável pelo setor operacional da J.E., contou que é incomum o dono da empresa viajar com a cegonheira.

Segundo o advogado José Nogueira Granja, Morais apenas foi contratado por um empresário para levar os carros até São Paulo e cobrou R$ 850. Esse valor, porém, não paga nem as despesas de combustível e pedágio.