Título: Empresário ajudou a financiar campanha eleitoral no Paraguai
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2005, Nacional, p. A9

A agência DNA, de Marcos Valério, prestou serviços em 2003 para o candidato a presidente Guillermo Guffanti

BRASÍLIA - Marcos Valério Fernandes de Souza também trabalhou e ajudou a financiar uma campanha presidencial no Paraguai, nas eleições de 2003. A DNA Propaganda, uma das agências do empresário, fez de graça a campanha do candidato Guillermo Sanchéz Guffanti. Como parte do pacote, Valério ajudou a levantar fundos para custear as despesas da equipe de Guffanti. Apesar do esforço de Marcos Valério, o candidato paraguaio perdeu as eleições, ficando em quarto lugar. Guffanti lançou-se à presidência pelo partido Unace, fundado pelo general Lino Oviedo, que está preso em Assunção. Ex-presidente do Paraguai, Oviedo foi condenado por ter participado de uma tentativa de golpe em 1996. Também é acusado de envolvimento no assassinato do vice-presidente do Paraguai Luis Maria Argana, em 1999.

O general asilou-se cinco anos no Brasil e voltou a Assunção no ano passado. Eminência parda de Guffanti, Oviedo chegou a participar de reuniões em Foz do Iguaçu para delinear estratégias de campanha.

As eleições ocorreram em abril de 2003. Dois meses antes, a DNA enviou a Foz do Iguaçu e a Assunção uma equipe de cinco pessoas para coordenar os programas de TV e o jornal da campanha. Outra incumbência da DNA era fazer a análise política dos rumos da campanha, além de pesquisas. Uma dessas pesquisas foi feita pelo Instituto Vox Populi, cuja sede fica em Belo Horizonte.

O responsável pelas despesas da equipe era o jornalista Gilberto Mansur, que trabalha com Valério. Mansur foi assessor do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga. É autor de um saque de R$ 300 mil na conta da agência SMPB, outra das empresas de Marcos Valério, no Banco Rural. Segundo Valério, os R$ 300 mil foram pagamento por consultoria.

Mansur também é o principal operador das contas da SMPB em Brasília, onde a agência tem contrato com o governo do DF e a Câmara Legislativa. É o interlocutor de Valério com o governador Joaquim Roriz.

No meio da campanha, Mansur viajou a Foz do Iguaçu para pagar despesas eleitorais. O jornalista dirigiu-se à produtora de TV responsável pela gravação dos programas, carregando uma mala tipo 007. Segundo pessoas que presenciaram a cena, Mansur abriu a valise e começou a distribuir maços de dólares e reais aos coordenadores de campanha. Na mesma reunião, o consultor de Valério afirmou que visitaria empresas brasileiras para arrecadar mais fundos.

O Estado deixou recados no celular de Mansur, mas não teve retorno.