Título: Quebra de sigilo revela telefonemas de Buratti para Palocci e cafetina
Autor: Rosa Costa, João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2005, Nacional, p. A14

Além deles, o número de Marcelo Franzine, diretor do grupo Leão Leão, está entre os mais acionados pelo advogado até fevereiro

BRASÍLIA - O telefone da casa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em Brasília figura entre os cinco mais acionados pelo advogado Rogério Buratti até fevereiro do ano passado. A lista foi encaminhada à CPI dos Bingos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. O documento identifica incorretamente o número da casa de Palocci como sendo do Ministério da Fazenda. O Estado ligou para o número e quem atendeu disse que se tratava da residência do ministro.

Entre os telefones para os quais Buratti mais discou, o primeiro da lista é o celular da cafetina Jeany Mary Corner, investigada pela CPI dos Correios e apontada como organizadora das festas com garotas de programa que o empresário Marcos Valério de Souza supostamente patrocinava em Brasília. Em seguida, vem o celular de Marcelo Franzine, diretor do Leão Leão, grupo empresarial sediado em Ribeirão Preto no qual Buratti trabalhou.

Com atividades nas áreas de construção e de coleta de lixo, o Leão Leão é alvo de inquérito do Ministério Público do Estado de São Paulo pela suspeita de participação num esquema de fraude em licitações promovidas por prefeituras.

O terceiro da lista é o celular do chefe de gabinete de Palocci, Juscelino Dourado. Depois aparece outro celular, do ex-assessor da presidência da Caixa Econômica Federal Ralf Barquet Santos, morto no ano passado. O telefone da casa de Palocci vem em quinto lugar.

No depoimento à CPI na semana passada, Buratti disse que não mantém contatos com Palocci, a quem disse ter visto poucas vezes, em "situações casuais e superficiais" nas quais apenas se cumprimentaram.

SEM COMENTÁRIO

A assessoria do Ministério da Fazenda afirmou não ter nenhuma informação ou comentário a fazer sobre as ligações de Buratti, que foi secretário de Governo na gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, em 1992 e 1993.

Buratti deixou o cargo após a divulgação de uma fita, gravada por ele mesmo, em que acerta uma operação ilegal com um empresário. A fita foi furtada por um membro do PT que a tornou pública.

O advogado também foi assessor na Assembléia Legislativa de São Paulo dos deputados petistas José Dirceu e João Paulo Cunha. Ele está prestes a ser indiciado pela Polícia Federal por formação de quadrilha por fraudes em licitações das prefeituras. É ainda acusado pelos dirigentes da Gtech do Brasil de ter tentado extorquir R$ 6 milhões para intermediar o contrato das loterias com a Caixa.