Título: Europeus esgotam cota de calça chinesa
Autor: Renata Veríssimo, Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2005, Economia & Negócios, p. B7

PARIS - A Europa está ameaçada de sofrer uma forte penúria de calças e camisetas, após o anúncio feito pela Comissão Européia que as cotas de importação de calças fabricadas na China , cujo acordo foi negociado recentemente para o ano de 2005 pelo comissário europeu, Peter Mandelson, , haviam se esgotado. Os profissionais do setor, principalmente os que atendem os setores mais populares, manifestavam sua preocupação, pois com a concorrência chinesa houve uma reconversão de numerosos fabricantes. O pessimismo atinge também os que haviam adquirido o produto na China, efetuado o pagamento dos direitos, mas pelo fato das cotas terem se esgotado , a mercadoria está se acumulando na alfândega dos países europeus , sem que possa ser distribuída e comercializada. Mesmo redes como Zara e Benetton que trabalham com os chineses estão sendo penalizadas, segundo Lucien Odier, o presidente do Conselho Nacional das lojas de confecção que considera que isso será "uma verdadeira catástrofe para as lojas nesse segundo semestre do ano".

Essa crise ocorre no momento em que diversos carregamentos de malhas vindas da China também se encontram bloqueados em portos europeus.

Apesar dessa situação, a Comissão Européia lembra que o acordo previa um aumento das importações de 100% para as calças, mas essa percentagem já foi superada.

Para o comissário europeu Mandelson a culpa dessa situação é dos importadores que parecem não ter levado a sério os termos do acordo concluído, em Shanghai, tentando contornar as restrições impostas e organizando uma exportação maciça em direção à Europa. O ministro do Comércio Exterior da França, François Loos, sugeriu aos distribuidores se abastecer com produtores euro-mediterraneos, calças fabricadas no Marrocos, Grécia e Tunísia, por exemplo, mas isso provocou risos dos distribuidores que lembram a enorme diferença de preços entre os produtos fabricados na China e nessa região euro - mediterrânea, concluindo que " os consumidores europeus não estão prontos a pagar mais" .