Título: Empréstimos começaram depois da eleição de 2002
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2005, Nacional, p. A8

De acordo com o empresário, as operações de empréstimos e transferências começaram depois da eleição. Marcos Valério contou que na campanha presidencial de 2002 se aproximou de Delúbio Soares, na época tesoureiro do PT, depois de ter sido apresentado a ele pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).

"Quer que eu lhe diga com sinceridade? Eu me aproximei do Delúbio porque queria me aproximar do governo", disse. "A DM9 colou no governo FHC, a DPZ colou no ex-secretário de Comunicação do governo anterior Andrea Matarazzo, a OGVI ganhou as contas... Eu me tornei amigo de Delúbio no decorrer de 2002 até o início de 2003", relatou.

No início de 2003, segundo o empresário, o ex-tesoureiro o procurou com a seguinte proposta:

"O negócio é o seguinte: os diretórios do PT estão todos endividados. Nós perdemos sete campanhas e ganhamos apenas uma. Eu preciso saldar as dívidas", teria dito Delúbio.

Foi aí que eles teriam começado a construir a idéia dos empréstimos: "Eu disse que tinha levado cano do PSDB com Eduardo Azeredo (candidato ao governo de Minas em 1998 e atual presidente nacional do PSDB). E contei que foi esse o motivo de minha briga com Clésio Andrade (vice na chapa de Azeredo em 98), meu ex-sócio. Quando eu fui cobrar a dívida, ele, o Clésio, me disse que era problema de campanha", afirmou.

Delúbio, então, lhe assegurou que o dinheiro seria pago. "Eu te dou garantias por escrito que o dinheiro será pago", teria dito o ex-tesoureiro . Todo o procedimento foi informado por Delúbio, segundo o empresário, ao então ministro José Dirceu.