Título: Papéis achados em terreno podem ser de Valério
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2005, Nacional, p. A9

A Polícia Federal apreendeu na tarde de ontem um volume de papéis rasgados e picotados às margens da Rodovia BR-040, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. A suspeita é que o material recolhido seja composto por documentos do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e de sua mulher, Renilda Maria Santiago. O local onde foram apreendidos os papéis fica a poucos quilômetros do Condomínio Retiro do Chalé, onde Marcos Valério possui residência. Agentes da PF que estiveram no local identificaram folhas de cheque rasgadas de uma suposta conta conjunta do casal. Também havia notas fiscais, recibos, rascunhos e uma agenda, todos picotados.

Os papéis foram encontrados em um terreno baldio pela PF, que recebeu uma denúncia anônima. O material foi colocado em um saco plástico e levado para a superintendência da Polícia Federal na capital mineira.

BUSCA E APREENSÃO

Os delegados federais Luiz Gustavo Góes e Claudio Ribeiro Santos, de Brasília, informaram que equipes da PF também realizaram operações de busca e apreensão ontem em Belo Horizonte, nas agências DNA e SMPB, de Marcos Valério, e nas casas de Simone Reis de Vasconcelos e Geisa Dias, funcionárias da SMPB. "A esperança é que sejam encontrados documentos que auxiliem nas investigações", limitou-se a dizer Góes. Os mandados, segundo a PF, foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da CPI dos Correios.

DEPOIMENTOS

Ontem, os dois delegados começaram a colher depoimentos de pelo menos sete pessoas que sacaram dinheiro das contas da SMPB. Até o início da noite, segundo Góes, depuseram na superintendência da PF em Belo Horizonte Nestor Francisco de Oliveira (R$ 102 mil), assessor do deputado Roberto Brant (PFL-MG), Francisco Assis Novaes (R$ 1,25 milhão), apontado como informante da Polícia Civil mineira e ligado a doleiros, e Alexandre Vasconcelos Castro (R$ 325 mil), dono de uma empresa de factoring na capital.

Góes disse que outros quatro ou cinco sacadores serão ouvidos na superintendência em Belo Horizonte. Ele não quis dar informações sobre os depoimentos já tomados. De acordo com a PF, os depoimentos se estenderão por hoje e só depois de terminados os interrogatórios uma nota oficial será divulgada.

Nestor de Oliveira disse que repetiu no depoimento a versão de Brant, segundo a qual o dinheiro foi uma doação "não contabilizada" da Usiminas feita por intermédio da SMPB para a candidatura do deputado à prefeitura de Belo Horizonte no ano passado. Francisco Novaes, ao deixar a sede da PF, não quis dar declarações e fugiu da imprensa. Até as 19h30, Alexandre Castro continuava prestando depoimento.