Título: Relator quer saber se Simone mentiu à CPI
Autor: Eugênia Lopes e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2005, Nacional, p. A13

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pediu ontem ao Ministério Público Federal a abertura de inquérito para apurar se Simone Vasconcelos, diretora-financeira da SMPB, prestou falso testemunho em seu depoimento à CPI. Ele suspeita que Simone mentiu quarta-feira ao garantir que não conhecia o policial civil David Rodrigues Alves, que sacou R$ 4,9 milhões do Banco Rural em Belo Horizonte. Em depoimento ontem à CPI, Alves afirmou que conhecia Simone e que entregava o dinheiro nas mãos dela, na de Geiza Dias, gerente-financeira da SMPB, e de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério Fernandes de Souza na agência de publicidade. Ele ainda que não conhecia Marcos Valério.

"Duas pessoas vieram à CPI e falaram coisas conflitantes. Não gosto de prejulgar, mas aparentemente a Simone teria mentido ao dizer que nunca encontrou o David", disse Serraglio.

No mais rápido depoimento dado à CPI dos Correios, pouco mais de três horas, Alves contou que trabalhou de janeiro a outubro de 2003 fazendo retiradas para a SMPB em três agências do Banco Rural de Belo Horizonte a pedido de Cristiano Paz.

Ele disse que sempre entregava o dinheiro sacado no prédio da SMPB para Simone, Geiza ou Paz. Contou ainda que se dirigia diretamente ao tesoureiro da agência do Banco Rural para pegar o dinheiro. Os recursos eram transportados para a SMPB em caixas de sapato, de camisa ou de celular, dependendo do valor.

Assim como Simone Vasconcelos, Cristiano Paz, que vai à CPI dos Correios na semana que vem, já disse à imprensa que não conhece Alves. "Acredito que o Cristiano está sendo assessorado por bons advogados e com certeza estão com a estratégia de defesa de dizer que não me conhece", disse o policial. "Se eu tivesse surrupiado R$ 100 de todo aquele dinheiro que retirei no banco, todos eles me reconheceriam e com certeza teriam ido à polícia me denunciar", disse Alves. Ele informou que recebia de R$ 50 a R$ 100 mais o valor do táxi por cada ida ao Banco Rural.

Alves afirmou também que não conhece Zilmar Fernandes Silveira, sócia do publicitário Duda Mendonça. Segundo versão de Marcos Valério à Polícia Federal, os recursos sacados por Alves eram destinados a Zilmar. No depoimento, o policial explicou que foi apresentado a Cristiano Paz por Haroldo Bicalho, conhecido doleiro em Belo Horizonte.

Alves contou que, entre 1997 e 2000, prestou serviço a uma empresa de factoring cujo dono era amigo de Haroldo, que o recomendou para fazer o trabalho para Cristiano Paz. "Ele (Paz) falou que estava fazendo uma operação bancária e precisava de dinheiro", disse Alves. Segundo ele, Paz fez questão de saber se ele era realmente policial e se andava armado. "Apresentava a minha carteira de policial e entrava armado na agência. Todos os saques que fiz eu estava armado." .