Título: Eduardo Jorge critica retratação tardia de Dirceu
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2005, Nacional, p. A14

O advogado Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência da República, criticou ontem o deputado José Dirceu (PT-SP), que, com cinco anos de atraso, admitiu ter cometido uma injustiça quando pediu uma CPI para apurar supostas irregularidades de Eduardo Jorge. "O reconhecimento do sr. José Dirceu de que errou e me prejulgou chega de forma e em circunstância imprópria", diz a nota de Eduardo Jorge. Na nota, ele afirma que, "na verdade, desde o início José Dirceu, Lula e os demais detratores sabiam que eu era inocente mas mentiram seguindo apenas suas conveniências político-eleitorais." A retratação do ex-ministro, durante seu depoimento no Comitê de Ética da Câmara, foi arrancada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que leu um artigo escrito por Dirceu em 2000, com acusações de que o então presidente Fernando Henrique Cardoso estaria acobertando "um esquema de corrupção jamais visto no País".

Sampaio cobrou coerência de Dirceu, que acabara de condenar prejulgamentos sobre os escândalos atuais. Mais tarde, Sampaio afirmou que a verdadeira intenção de Dirceu à época era investigar Eduardo Jorge com o objetivo de levar ao impeachment de FHC.

Dirceu reconheceu o erro: "prejulguei de maneira errada. Reconheço que cometi um erro." Na nota de ontem, Eduardo Jorge protesta. "Vieram as provas de minha inocência e (eles) não apenas não se retrataram, mas prosseguiram com sua campanha, esta sim, de linchamento público", diz o texto.

E devolve: "Agora, que indícios se avolumam contra eles, o ex-chefe da Casa Civil ostenta o 'arrependimento'de ter me acusado com calúnias, deixando a impressão de que busca proteger-se de suas culpas atrás da minha inocência." O ex-secretário do Planalto diz que Lula, "com suas parlapatices", condena os prejulgamentos, mas o teria caluniado à época do governo FHC. "Lula me acusou, de forma mentirosa, de corrupção, mas não foi lá, como cobra aos outros nos palanques, assumir a responsabilidade de 'tirar da cruz' quem ele mesmo pôs." E, a seguir: "Sabia e sabe que mentiu mas jamais se retratou. Agora, pigmeu da ética, usa o falso discurso de que sempre esperou provas antes de condenar seus adversários políticos. Mente e nos enoja mais uma vez. É o mais hipócrita de todos e o que mais precisa levar intensivas lições de honestidade, responsabilidade e ética, coisas que desde sua infância sua mãe, ainda que analfabeta, tentou incutir-lhe, sem sucesso."