Título: Empresa é que decide, mas eles preferiam ficar por aqui
Autor: Marisa Folgato
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2005, Metrópole, p. C1

Diretor financeiro do quinto maior produtor de medicamentos genéricos do País, o Ranbaxy, o indiano Rajeev Sharma, de 39 anos, mora em São Paulo há dois anos e meio, após passar dois no Rio. "Se a empresa quiser que me mude de novo, terei de atender. Mas já me acostumei. Por mim, ficava no País." Se decidir ficar, já sabe que contará com o apoio da mulher, indiana como ele. "Ela também adorou o Brasil." Sharma gosta dos brasileiros, não resiste a uma churrascaria e se rendeu à comida baiana. "Moqueca com arroz fica muito bom."

Megna Prakash também é "recém-chegada". Veio há dois anos com o marido, contratado como gerente-geral de uma marca de aparelhos de barbear, e já tem uma filha brasileira. "Está com 6 meses."

Ela se casou na Índia e morou no Egito antes de vir para cá. "O Brasil é um país muito bonito, com pessoas que não se incomodam em ajudar", diz Megna, que mora no Campo Belo. Já conhece quase o País inteiro. Adorou Salvador, mas prefere São Paulo. "Devemos morar aqui mais três anos. Mas, se ficarmos de vez, vou achar bom. Pretendo ter mais filhos aqui."

O sári só é usado em ocasiões especiais. "A roupa comum é mais prática quando se tem criança e devemos evitar chamar a atenção por causa dos assaltos." Ela é hindu, como a maioria dos indianos, mas a cidade não tem um templo para eles. "Somos poucos para justificar a construção. Nosso costume é ter altar em casa."

O empresário Rajeev Kapoor, de 33, tem seu templo no apartamento em Santa Cecília, mas conserva altares numa de suas quatro lojas. "Vou morar aqui para sempre. Casei na Índia com uma brasileira, mas preferimos morar aqui", conta Kapoor, em São Paulo há quatro anos. "Escolhi minha mulher, mas meu irmão se casou com a que meu pai indicou, como é o costume."