Título: Cova simples em enterro com honras de chefe de Estado
Autor: Leonencio Nossa, Ângela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2005, Nacional, p. A4

POEMA: Miguel Arraes foi enterrado às 17h45 de ontem, no Cemitério de Santo Amaro, em uma cova simples, coberta com grama e uma placa dizendo 'o homem marcado pelas duas mãos e o sentimento do mundo', baseado em poema de Carlos Drummond de Andrade, citado por Arraes na volta do exílio em 1979. O enterro teve honras de chefe de Estado, com aplausos, choro, e tiros de canhão. O caixão foi acompanhado desde o Palácio do Campo das Princesas, em um carro de bombeiros, por cerca de 6 mil pessoas, num trajeto de 1,5 quilômetro. Outros 4 mil admiradores do socialista já se encontravam no cemitério.

O povo veio de várias regiões de Pernambuco para reverenciar o 'Pai Arraia, o Pai dos pobres', como o consideravam.

Cada um tinha um depoimento de gratidão e de saudade: foi em algum dos três governos de Miguel Arraes que conseguiram crédito para obter eletrificação rural em áreas distantes ou direitos trabalhistas.