Título: Marqueteiro teria recebido R$ 3,8 milhões em dinheiro
Autor: Diego Escosteguy, Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2005, Nacional, p. A8

BRASÍLIA - Para não deixar rastros contábeis de suas operações, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares operaram não só com contas offshore, mas também com pagamentos em dinheiro vivo. Em depoimento à Polícia Federal, na quarta-feira, em Salvador, o publicitário Duda Mendonça revelou a existência de pagamentos feitos em espécie, além dos que Marcos Valério teria depositado na conta Dusseldorf, offshore aberta nas Bahamas para receber créditos referentes à campanha eleitoral feita para o PT. Segundo depoimento de Duda Mendonça, depois dos pagamentos feitos por Marcos Valério na conta Dusseldorf, restou um débito "no possível valor de R$ 3,8 milhões". Duda disse à PF que esse valor "foi pago diretamente pelo senhor Delúbio Soares, em diversas parcelas, possivelmente em espécie".

Para o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), esse procedimento indica intenção de driblar contabilidades legais. "Todo mundo sabe que dinheiro vivo dificilmente deixa rastro e favorece tentativas de montar algum esquema ilegal", afirma.

Zilmar Silveira, sócia do publicitário, confirmou as informações em depoimento à PF. Disse "que, apesar da insistência da depoente, o senhor Delúbio Soares protelou e obstou o recebimento das faturas dos serviços anteriormente prestados".

À revista Época, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também disse que queria dinheiro vivo e não cheques nos repasses de recursos entre o PT e o PL.