Título: Bispos decidem fazer campanha pelo veto a armas no referendo
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Metrópole, p. C4

INDAIATUBA - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou ontem declaração de apoio à proibição da venda de armas no País no referendo sobre o assunto que será realizado em 23 de outubro. Reunidos em Itaici, Indaiatuba, em sua 43ª assembléia geral, os bispos decidiram mobilizar os católicos para que votem pelo sim (à proibição) na consulta popular. "Será uma ocasião histórica para o exercício da soberania popular através do voto", diz a nota. "Como bispos da Igreja Católica e como cidadãos, posicionamo-nos a favor da proibição do comércio de armas de fogo e munição, conclamamos os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a votar sim nesse referendo." Os bispos advertiram que, além da melhoria da segurança pública, o combate à violência exige educar para a defesa da vida.

Presidente da comissão que estudou o assunto, d. Itamar Vian, arcebispo de Feira de Santana (BA), anunciou que a Igreja está imprimindo cartazes sobre desarmamento e fará uma campanha de conscientização dos fiéis nas mais de 7 mil paróquias do País. "A campanha vai abordar o tema da impunidade. Nossas cadeias estão cheias de pobres e de negros. São presos os que estão roubando pouco, mas não os maiores ladrões do País. Não basta apenas prender os cidadãos, eles têm de devolver aos cofres públicos tudo o que roubaram."

Na capital, a Assembléia Legislativa lançou ontem uma frente parlamentar pela proibição do comércio de armas. O evento contou com a presença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e de representantes dos Institutos São Paulo Contra a Violência e Sou da Paz. "A frente nacional já está conversando com a Associação Brasileira de Agências de Propaganda e com cineastas interessados em fazer a campanha", disse Calheiros, referindo-se ao espaço que os grupos pró e contra a venda de armas terão no rádio e na TV a partir de 1º de outubro.