Título: Risco volta à casa dos 400 pontos
Autor: Mario Rocha, Silvana Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2005, Economia & Negócios, p. B9

Crise política e petróleo futuro tumultuam os mercados de novo; mas o Ibovespa fechou na cotação máxima do dia

A crise política e a nova alta do petróleo futuro continuaram perturbando os mercados. O risco país subiu 3,6%, voltando à casa dos 400 pontos (402), o A-Bond perdeu 0,50%, vendido com ágio de 2%, o dólar subiu 1,19%, para R$ 2,374, o paralelo avançou 0,38%, para R$ 2,623, e os juros futuros continuaram projetando alta. Só o Ibovespa ficou na contramão, fechando em alta de 1,19%, na cotação máxima do dia, 25.734 pontos. Ainda sob o impacto do depoimento de Duda Mendonça à CPI dos Correios, na quinta-feira, os investidores demonstravam cautela. Quando o presidente Lula fez o discurso em que pedia desculpas à nação pela crise política, houve uma melhora. Mas quando a revista Época chegou às bancas com a entrevista em que Waldemar Costa Neto dizia que Lula sabia dos acertos com o PL, as coisas pioraram. Agora, há apreensão quanto a possíveis reportagens bombásticas por parte das revistas que saem hoje. Para completar, o petróleo futuro voltou a subir com força.

O comercial chegou a subir 2,13%, por causa da entrevista de Costa Neto, mas o o fluxo positivo conteve a alta. Como o pronunciamento de Lula não foi considerado contundente, as tesourarias de bancos absorveram a oferta dos exportadores, atraídos pelo salto das cotações. No mercado futuro, todos os contratos projetaram alta e o giro financeiro cresceu 13%, para US$ 7,74 bilhões. A possibilidade de o Banco Central anunciar a qualquer momento um leilão de compra de dólares também é levada em consideração.

A Bovespa despencou de manhã por causa do depoimento de Duda Mendonça e caiu ainda mais após o discurso de Lula. Mas à tarde, houve uma inversão, puxada pelas compras de ações por parte de estrangeiros. O volume financeiro ficou em R$ 1,663 bilhão.

"Os gringos continuam comprando Bolsa no Brasil, apesar da crise", comentou um operador. Além da aposta que os estrangeiros fazem na economia local, há o fato de o preço das ações estarem baixos, principalmente para quem compra em moeda forte. Outro operador observou que muitas empresas exportadoras com ações em Bolsa continuarão vendendo para o exterior, mesmo com os problemas políticos. "Para elas, a alta do petróleo ameaça mais do que a crise", completou.

No mercado de juros, ninguém acredita em queda da Selic este mês.