Título: BNDES faz convênio com o BID
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2005, Economia & Negócios, p. B8

Os US$ 3 bi do Banco Interamericano de Desenvolvimento são destinados às pequenas e médias empresas

RIO - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assinou ontem convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que garante US$ 3 bilhões em recursos para financiamentos a projetos de micro, pequenas e médias empresas. O presidente do BID, Enrique Iglesias, disse que a economia está sendo administrada de forma "impecável" e que a crise política não abalará a credibilidade do País. Na cerimônia de assinatura do convênio, o tema da crise esteve presente não só na resposta de Iglesias a jornalistas, descartando a possibilidade de contaminação da crise na economia. O presidente do BNDES, Guido Mantega, permitiu-se uma brincadeira com o escândalo das malas de dinheiro do empresário Marcos Valério, ao cumprimentar o dirigente do BID via videoconferência. De São Paulo, Mantega disse a Iglesias (que estava na sede do banco no Rio): "É um prazer recebê-lo, especialmente porque você traz uma mala cheia de dinheiro do BID. É verdade que hoje em dia é perigoso andar com mala de dinheiro, mas essa terá uma finalidade muito importante, que é financiar as pequenas e médias empresas".

O vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, que assinou o convênio no lugar de Mantega, disse que a demanda de empresas de pequeno porte por recursos do banco é crescente, passando de 30% do total de desembolsos da instituição em 2003 para 32% em 2004.

O valor total do programa de apoio às pequenas empresas é de US$ 6 bilhões - 50% do BID e 50% do BNDES. Segundo o banco, os recursos permitirão a empresas de menor porte o acesso a financiamentos de longo prazo para investimentos. O prazo de uso da nova linha será de nove anos e a liberação pelo BID ocorrerá a partir da assinatura de contratos de empréstimos. O valor de cada operação não deverá ultrapassar US$ 1 bilhão.

O BNDES retomará as operações com microcrédito, praticamente paradas há dois anos. O diretor da área de Inclusão Social do banco, Mauricio Borges, disse que na próxima semana deve ser aprovada uma operação de microcrédito para a Caixa Estadual do Rio Grande do Sul.

Segundo ele, o programa foi retomado há três meses e o objetivo é adotar regras de acompanhamento da destinação dos recursos, centradas sobretudo no plano de negócios para os financiamentos. Até 2002, afirmou, não havia nenhum acompanhamento do BNDES sobre o uso dos recursos liberados via microcrédito.