Título: Medo e petróleo não param de subir
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2005, Economia & negócios, p. B4

Barril atinge novo recorde (US$ 66,86 em Nova York) à medida que aumenta o temor de que falte gasolina

NOVA YORK - O medo não pára de crescer. Nem os preços do petróleo. O mundo (principalmente os Estados Unidos) teme que atentados, furacões, crises geopolíticas ou qualquer outro fator possa prejudicar a oferta do produto. Assim as cotações bateram novos recordes ontem. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos de petróleo para setembro fecharam em US$ 66,86 o barril, alta de 1,61%. A máxima chegou a 67,10. Em Londres, na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), os contratos de petróleo Brent para setembro fecharam em US$ 66,45 o barril, avanço de 1,64%. O pico inglês foi de US$ 66,77. O movimento de alta ocorreu em meio a um forte volume negociado, com especuladores cobrindo posições ou estabelecendo mais apostas de alta dos preços diante dos temores de novos avanços na próxima semana.

"Com outra refinaria tendo um problema e o final de semana pela frente, houve uma agitação de compras de segurança e cobertura de vendas a descoberto", disse Carl Larry, diretor do Banco Barclays Capital.

Mas alguns analistas já estão alertando sobre a alta desenfreada. "É uma bolha que terá de estourar em algum momento", afirmou o corretor Mike Fitzpatrick, da Fimat USA.

Desde o começo do ano, o petróleo já aumentou 50%. Entretanto, se for levado em conta a inflação, o barril teria de chegar aos US$ 90 para igualar os recordes da década de 80

BALANÇA COMERCIAL

O déficit comercial americano voltou a subir em junho, chegando a US$ 58,8 bilhões, 6,1% a mais do que em maio (US$ 55,4 bilhões), puxado pela maior importação de petróleo. O recorde foi batido em fevereiro, com US$ 60,1 bilhões.

Em projeção anualizada, o déficit comercial chega a US$ 686 bilhões, 11% a mais do que os US$ 617,6 bilhões de 2004. O número é uma dor de cabeça para o presidente George W. Bush, que vem sendo criticado por ter firmado acordos de livre comércio que teoricamente abrem demais a economia dos EUA. O déficit com a China em junho também atingiu um número sem precedentes, US$ 17,6 bilhões. No ano passado, ele chegou a US$ 162 bilhões.

As exportações bateram recorde, chegando a US$ 106,8 bilhões, puxadas pelos equipamentos de telecomunicações, motores de aeronaves e fertilizantes. Mas as importações também foram recorde, US$ 165,7 bilhões, com mais compras de petróleo.