Título: Estudo associa crescimento do PIB do País às exportações
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2005, Economia & Negócios, p. B3

RIO - Os períodos de crescimento sustentado da economia brasileira desde os anos de 1950 estiveram diretamente associados ao comportamento das exportações brasileiras. A conclusão é de estudo de economista da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, que analisou a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do País entre 1950 e 2004. "Períodos prolongados e sustentados de crescimento normalmente estão associados principalmente ao bom desempenho do setor externo", explica o economista Gilberto Tadeu Lima, da FEA. O levantamento mostrou que a principal restrição ao crescimento econômico foram os problemas do País com a balança de pagamentos e não, necessariamente, a falta de oferta de produtos.

Segundo o estudo, "no Brasil, uma história econômica com consecutivos estrangulamentos externos e um processo de industrialização via substituição de importações nos indica que a dimensão externa pode ser um aspecto relevante no estudo do crescimento econômico".

Lima explica que as exportações equilibram o setor externo, sem comprometer o crescimento. Com os elevados saldos positivos na balança comercial, o País reverteu, nos últimos anos, uma série de sucessivos déficits em conta corrente. A questão é que o crescimento do mercado interno tende a reduzir o superávit comercial, pois as importações tendem a aumentar.

"A arte é conjugar crescimento com exportações ou, mais especificamente, juntar avanço dos investimentos com crescimento das vendas externas", diz o economista. Ele ressalta que é preciso "articular" investimento com expansão das vendas externas, para que, ao longo do tempo, a capacidade produtiva cresça, mas a demanda também avance.

CÂMBIO

O economista comenta que o desempenho favorável das vendas externas também depende de um câmbio favorável e deve levar em conta, ainda, fatores de competitividade além do preço, como a inovação. Ele destaca que a pauta brasileira tem conteúdo tecnológico relativamente baixo, com pouco dinamismo, com relação ao que o mundo quer comprar.

Por isso, sugere a aposta em fatores de competitividade, que também ajudariam o País, hoje com cerca de 1% das exportações mundiais, a conquistar mais espaço no comércio internacional. "A idéia é ganhar fatias no bolo e não apenas ficar na carona do crescimento. A carona funciona para o bem ou para o mal. Se vier a desaquecer (o comércio internacional), rapidamente este comportamento exportador passa a ter volume menos expressivo."