Título: Após 2 adiamentos, o espião Orbiter sai rumo a Marte
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2005, Vida&, p. A21

Sonda chega ao planeta em 2006 para gerar dados detalhados sobre o solo e o clima

CABO CANAVERAL - A Nasa lançou ontem, após dois adiamentos, uma nova sonda para colher mais informações sobre Marte do que qualquer outra missão realizada até o momento. A Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) foi impulsionada pelo foguete Atlas V e precisará de sete meses para chegar a seu destino. A missão, de US$ 720 milhões, é planejada para durar quatro anos e será dividida em duas etapas. Nos primeiros dois anos, ela vai construir um registro histórico do gelo do planeta - hoje frio e seco, porém mais quente e úmido em tempos primordiais.

Neste sentido, os instrumentos a bordo incluem um espectrômetro, que identificará minerais relacionados à presença de água em áreas do tamanho de um campo de tênis, e um radar fornecido pela Agência Espacial da Itália, que permitirá a detecção de camadas de rocha, gelo e, se houver, água sob o solo. A análise da atmosfera será a base para cientistas construírem um mapa climático crível.

A presença de água no passado de Marte já foi constatada nas explorações realizadas pelos jipes Spirit e Opportunity, que continuam operando e gerando dados para a Nasa. Um dos objetivos agora é responder como, quando e por que o planeta vermelho tornou-se árido.

Também no primeiro período, a MRO ficará na órbita do planeta em busca de possíveis locais de pouso para as futuras missões tripuladas que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deseja.

No segundo período da missão, a sonda vai se transformar em uma central de comunicação entre a equipe da Terra e um novo jipe robótico, que deverá ser lançado em 2007, e um laboratório, programado para 2009. Os dados serão enviados a uma velocidade dez vezes mais rápida da existente hoje .

A nova sonda chegará a Marte em março de 2006 e, em novembro, dará início à exploração, após meses de uma delicada operação para se ajustar perfeitamente à órbita. "Toda vez que olhamos com uma maior resolução (a superfície), Marte diz: 'Aqui está algo que você não esperava. Você ainda não me entende'", disse ontem o cientista Richard Zurek, da Nasa.