Título: Força prepara onda de manifestações em SP
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Nacional, p. A5

Centrais ligadas à Força Sindical confirmaram ontem dois atos e uma grande manifestação em São Paulo, no próximo dia 6, contra a corrupção no governo. O movimento ganhou ontem o apoio do PSDB e PDT e as centrais enviaram convite até à Central Única dos Trabalhadores (CUT) - que tem fortes laços com o PT e é rival histórica da Força - para participar dos protestos. "Não é um protesto anti-Lula, é anticorrupção, contra a política econômica", disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, para justificar o convite à CUT. "A luta é a mesma, é importante neste momento estarmos unidos", prosseguiu o secretário-geral, certo de que a CUT responderia positivamente.

O presidente da CUT, João Felício, adiantou que não aceitará o convite, pois já promove manifestações, junto com movimentos sociais, reivindicando as mesmas coisas. "Ser convidado não é o método adequado", disse. Para Felício, o correto seria uma coordenação conjunta das manifestações. "Desejamos sucesso nos atos deles, e esperamos que desejem o sucesso nos nossos."

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), corre atrás de mais apoio. Conseguiu o do PSDB e do PDT - partido do qual é presidente estadual - ontem. Convidou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Associação Comercial de São Paulo e hoje se reúne com entidades estudantis. "Vou convidar a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a UMES (União Municipal dos Estudantes secundaristas de São Paulo)", disse.

PRAÇA DA SÉ

Dois atos serão realizados para "sensibilizar a população" antes da manifestação principal, marcada para o dia 6 de setembro, às 10 horas, na Praça da Sé. Na quinta-feira, as centrais promoverão uma passeata na Avenida Paulista, às 10 horas, com expectativa de reunir de 2 mil a 3 mil trabalhadores. No dia 24, haverá um protesto durante a plenária para campanha salarial de 51 sindicatos de metalúrgicos do Estado de São Paulo, no Palácio do Trabalhador.

"O protesto não é só teórico, restrito as questões morais e éticas da corrupção", diz o secretário-geral. "Os gastos com corrupção diminuem os investimentos nas questões sociais", conclui. Paulinho centra as manifestações no protesto contra a corrupção e pelo crescimento: "Nosso temor é que o ápice da crise chegue no meio da campanha salarial dos trabalhadores."

Para mobilizar os manifestantes, a Força Sindical prepara 50 mil cartazes e 1 milhão de panfletos. Só a impressão do material custará cerca de R$ 19 mil, segundo o presidente da Força. O ato na praça da Sé foi marcado um dia antes do feriado da Independência para "facilitar a convocação dos trabalhadores nas fábricas", explica Gonçalves, que espera reunir entre 20 mil e 30 mil pessoas no dia.

Além da Força, participam da organização dos protestos a Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT), a Social Democracia Sindical (SDS) e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT). No Rio, em Curitiba e em Porto Alegre também haverá manifestações, mas as centrais dessas cidades ainda não definiram as datas.