Título: Petrobrás lucra R$ 4,9 bi em 3 meses
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Economia & Negócios, p. B1

RIO - A Petrobrás lucrou R$ 4,9 bilhões no segundo trimestre de 2005. O valor, 49% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, reflete o aumento da produção de petróleo e a alta das cotações internacionais da commodity. No ano, a estatal acumula lucro de R$ 9,9 bilhões e comemora dois trimestres seguidos de superávit na balança comercial de petróleo e derivados. O desempenho no segundo trimestre supera o de congêneres internacionais, como Shell e Exxon, cujos ganhos no período cresceram 34% e 31%, respectivamente. Mas frustrou expectativas do mercado financeiro, que esperava um lucro recorde nos últimos três meses. Um levantamento feito na semana passada pelo Estado apontava uma estimativa média de lucro de R$ 6,2 bilhões.

Em documento enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a empresa informou que o resultado do trimestre sofreu impacto negativo do aumento dos gastos com importações, participações governamentais (royalties e participações especiais sobre a produção de petróleo), serviços técnicos e salários, vantagens e benefícios.

Por outro lado, a produção de petróleo e gás natural da companhia cresceu 15% no período, alcançando 2,279 milhões de barris por dia, no Brasil e no exterior. No País, a empresa atingiu seu recorde de produção diária, em junho, com a média de 1,755 milhão de barris de petróleo.

Essa marca, além de ampliar os lucros em tempos de petróleo caro, contribuiu para ampliar o superávit comercial da companhia, que já havia registrado saldo de R$ 100 milhões nos primeiros tres meses de 2005. No segundo trimestre, a Petrobrás exportou R$ 2,2 bilhões e importou R$ 1,3 bilhões, garantindo um saldo positivo de R$ 900 milhões. O setor de petróleo e derivados foi apontado pelo Iedi como um dos principais responsáveis para o recorde de exportações atingido pelo País em junho.

"Com produção diária próxima dos 1,8 milhão de barris por dia, estamos rumo às metas traçadas em nosso planejamento estratégico e damos passos largos em direção à auto-suficiência", afirmou o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, no texto enviado à bolsa. Em entrevista recente ao Estado, porém, ele adisse que prefere esperar novos superávits comerciais antes de declarar que a autosuficiência foi finalmente atingida.

"Para os próximos 12 meses está prevista a instalação de mais quatro unidades: P-50, P-34, Golfinho I e Piranema, totalizando cerca de 360 mil barris em capacidade adicional", destacou Gabrielli. A companhia investiu R$ 11 bilhões no primeiro semestre deste ano - R$ 5,7 bilhões no segundo trimestre. Mais da metade dos gastos foi alocada em projetos de exploração e produção.

O desempenho da empresa ainda sofreu efeitos positivos dos reajustes nos preços da gasolina e do diesel promovidos no final do ano passado.

Mesmo sem repasses nesses dois produtos este ano, o lucro da área de abastecimento, responsável pelas refinarias subiu 25% no segundo trimestre, atingindo R$ 1,941 bilhão.

Essa área também se beneficiou de um aumento de 3% nas vendas de combustíveis no País, que atingiram 1,665 milhão de barris por dia no segundo trimestre, e da carga de petróleo nacional processada nas refinarias, de 8%. Segundo a Petrobrás, a diferença de preços entre o óleo nacional e o importado aumentou, este ano, de US$ 2,49 para US$ 9,16 por barril.

O aumento nas vendas e no preoç dos produtos vendidos provocou um acréscimo de 16% na receita líquida da companhia, que atingiu R$ 32,359 bilhões no período, dos quais R$ 5,765 bilhões são provenientes de exportações. A valorização do Real frente ao dólar contribuiu para a redução do endividamento líquido, que caiu de R$ 39,883 bilhões no primeiro trimestre para R$ 33,316 no segundo.