Título: Economistas ainda têm dúvidas
Autor: Odail Figueiredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

APOSTAS: Mudou pouco, de julho para agosto, a avaliação do mercado financeiro em relação ao momento da retomada Selic. O que ficou mais forte de um mês para o outro foram as justificativas que defendem as respectivas opiniões. Para alguns, como o economista Fábio Akira, do JP Morgan, os diretores do Banco Central podem "queimar a largada" se decidirem reduzir o juro básico esta semana. Outros argumentam que a taxa ficará excessivamente elevada se a medida não for tomada em breve. Estes lembram que a causa disso são os últimos dados de inflação que, na maioria, ficaram no piso ou abaixo das estimativas do mercado. Em julho, a Agência Estado consultou 44 instituições, 18 das quais previam redução este mês, 22 em setembro e 4 em outubro. Agora, das 41 instituições ouvidas, 13 prevêem que será já, 24 em setembro e 4 em outubro. Os que acreditam na manutenção da Selic em 19,75% ao ano usam um mesmo argumento a seu favor: "Este é o perfil do BC. Não só da equipe comandada por Henrique Meirelles, mas também na gestão de Armínio Fraga". O próprio Fábio Akira, que teme um adiantamento das quedas, admite ser inegável o cenário mais otimista para a inflação. "Mas estes são os números correntes e o BC tem sido mais conservador do que o mercado".

Para os que acreditam na redução este mês, não faltam justificativas. "Tudo deu certo nos últimos três meses: as expectativas recuaram, a inflação cedeu e os IGPs prenunciam bons tempos para os preços administrados em 2006", disse o gerente de Política Monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski.