Título: Mercado prevê que Copom vai manter as taxas de juros amanhã
Autor: Odail Figueiredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

BRASÍLIA - O mercado aposta que o Comitê de Política Monetária (Copom) não vai mexer na taxa de juros em sua reunião que começa amanhã e termina na quarta-feira. De acordo com a pesquisa semanal Focus, em que o Banco Central consulta mais de uma centena de instituições financeiras, a taxa Selic continuará em 19,75% ao ano. Haverá, porém, cortes até o final do ano. A taxa projetada para dezembro é 18%, enquanto a do final de 2006 é 15,75%. A expectativa de redução da taxa de juros nos próximos meses é reforçada pela estimativa de queda na taxa de inflação utilizada no sistema de metas do governo. Pela décima quarta semana consecutiva, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano caiu, nesta semana de 5,50% para 5,40%. As estimativas do mercado estão cada vez mais próximas do objetivo perseguido pelo Banco Central para este ano, que é uma inflação de 5,1%. A projeção de aumento das tarifas públicas neste ano recuou de 6,91% para 6,80%. Também a projeção do IPCA para 2006, que estava em 5% há 64 semanas, apresentou uma ligeira queda, passando para 4,98%.

O Focus desta semana trouxe como novidade a divulgação de projeções de inflação segundo um método de cálculo "suavizado". Um dos principais indicadores do Focus é a projeção de inflação para os 12 meses à frente. Esse dado é um importante balizador para o comportamento da taxa de juros. No entanto, segundo os técnicos, essa projeção dá "saltos" toda vez que um índice de inflação é divulgado, porque o número oficial é retirado do cálculo e em seu lugar entra a estimativa da inflação no 13º mês à frente.

O cálculo "suavizado" evita esses "saltos", porque vai gradualmente introduzindo a inflação esperada para o 13º mês. Quanto mais o mês avança, menor vai ficando o peso do índice que está para ser divulgado e maior é o peso do índice do mês que vai entrar na série. De acordo com o BC, essa nova metodologia é apenas um aperfeiçoamento do cálculo, que passará a refletir com mais precisão a expectativa do mercado acerca da inflação. A projeção do IPCA nos 12 meses à frente subiu de 4,80% para 4,90% sem a suavização e caiu de 4,98% para 4,93% pela nova metodologia.

O mercado aposta, ainda, que apesar dos sobressaltos provocados pela crise política a taxa de câmbio continuará baixa, fechando o mês em R$ 2,35. Para o fim do ano, a projeção é de R$ 2,49, uma ligeira queda em comparação com o resultado da semana passada, que era R$ 2,51. Também para o final de 2006, houve uma queda, com a cotação passando de R$ 2,75 para R$ 2,70. Apesar do câmbio desfavorável, a expectativa do mercado é que a balança comercial feche o mês com um superávit de US$ 39,5 bilhões. É uma estimativa acima da meta do governo, que é US$ 38 bilhões. Também melhoraram as expectativas para o saldo em conta corrente do balanço de pagamentos. Para 2005, a projeção do mercado passou de US$ 10,75 bilhões para US$ 11 bilhões. Para 2006, a mediana projeta agora saldo positivo de US$ 5,55 bilhões, ante US$ 4,40 bilhões na pesquisa anterior.

Houve ainda uma melhora na expectativa do mercado para o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País. Para este ano, a projeção subiu de US$ 15,45 bilhões para US$ 15,50 bilhões, na terceira semana consecutiva de alta dessa estimativa. Para 2006, o montante dos IED está previsto agora em US$ 15,95 bilhões, ante US$ 15,01 bilhões na semana passada. Colaborou: Lu Aiko Otta