Título: BNDES liberou só 40% do orçamento até agora
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2005, Economia & Negócios, p. B7

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou até julho cerca de 40% do orçamento de R$ 60,8 bilhões previsto para este ano. Foram R$ 24,5 bilhões, com expansão de 16% em relação aos financiamentos concedidos em igual período de 2004 (R$ 21,1 bilhões). Segundo o banco, o desempenho foi puxado pelo aumento de 39% dos empréstimos para a indústria e de 19% para a infra-estrutura. "Vai depender do desempenho futuro. Geralmente, o final do 2º semestre é bem melhor do que o início do ano", diz o superintendente de Planejamento do BNDES, Aluysio Asti, ao ser indagado se o BNDES vai conseguir desembolsar o restante do orçamento (R$ 36,3 bilhões), a cinco meses do fim do ano.

As indústrias extrativa e de transformação receberam 47,8% dos recursos totais (R$ 11,7 bilhões), com destaque para o crescimento de mecânica (200%), metalurgia (75%) e química e petroquímica (70%). "O desempenho dos bens de capital mostra que a indústria está investindo." A infra-estrutura ficou com 35,9% dos desembolsos, ou R$ 8,8 bilhões.

Os financiamentos à exportação, por meio do BNDES-Exim, avançaram 34% de janeiro a julho, o equivalente a US$ 2,7 bilhões. As operações para a aquisição de máquinas e equipamentos novos (Finame) cresceram 69%, com R$ 5,6 bilhões. Os empréstimos para a agropecuária recuaram 34%.

Os enquadramentos do BNDES cresceram 45% até julho, com volume correspondente a R$ 51,6 bilhões. As aprovações de novos empréstimos acumulam R$ 28,3 bilhões - alta de 31%. O volume de cartas-consulta, termômetro do apetite dos investidores, avançou 7%, para R$ 52,6 bilhões. Considerando só o desempenho de julho, as consultas recuaram de R$ 12 bilhões, em junho, para R$ 6 bilhões no mês passado.

Micro, pequenas e médias empresas receberam R$ 7,2 bilhões, ou 30% do total desembolsado até julho. O crescimento ante igual período de 2004 foi de 7%. As linhas de financiamento que responderam pelo maior volume de financiamentos às companhias de menor tamanho foram a Finame (R$ 3,5 bilhões) e os Programas Agrícolas (R$ 1,3 bilhão).

TRANSPARÊNCIA

Um grupo de 80 representantes da sociedade civil, entre ONGs, sindicatos e entidades de classe, se reunirá com a diretoria do BNDES em setembro, para reivindicar maior transparência nas informações para a sociedade. "Há um conjunto de vedações às informações, com penalidades. Mas sempre se pode melhorar", diz Asti.

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Claudio Tautz diz que serão levadas opções para o banco elaborar um sistema público de informações, como lista dos projetos aprovados e criação de centros de informações.