Título: Vendas registram 19.º aumento consecutivo
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2005, Economia & Negócios, p. B1

RIO - O aumento do salário mínimo e a baixa cotação do dólar elevaram a renda dos consumidores em junho e aceleraram o crescimento das vendas do varejo. Junto com a oferta de crédito e ampliação dos prazos de financiamento, a injeção de rendimento com a queda da inflação levou o setor a um aumento de 1,18% nas vendas em junho ante maio e garantiu a 19.ª expansão consecutiva ante igual mês de ano anterior, com variação de 5,31% ante junho de 2004. Reinaldo Pereira, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, atribui à conjunção entre renda e crédito o bom desempenho do setor no mês. Concordam com ele os economistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, e da Fecomércio-RJ, João Carlos Gomes - e ambos observam que a crise política não afetou o desempenho do setor.

Para Freitas, a queda do dólar beneficia os consumidores ao reduzir a inflação e, junto com o crédito, foi o principal combustível para o crescimento das vendas do varejo em junho. "A expectativa do comércio ainda é favorável por causa do fôlego do crédito e o aumento da renda real", afirma.

Para Gomes, a deflação de 0,22% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, aliada ao aumento do salário mínimo, provocou a melhoria nos resultados do comércio.

RENDA

Em documento sobre a pesquisa do IBGE, o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne as maiores redes de vários segmentos do setor no País, observa que, apesar dos dados positivos em junho, o segundo trimestre de 2005 fechou com taxa de variação (3,8% na comparação com o segundo trimestre de 2004) inferior à taxa correspondente ao primeiro trimestre (5,5%).

O segmento de supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso na pesquisa mensal de comércio do IBGE, reagiu em junho, com aumento de 2,02% ante maio e de 3,35% ante igual mês de 2004, resultados bem superiores aos registrados em maio.

Segundo Pereira, a melhoria no desempenho das vendas do varejo em junho está diretamente relacionada à reação do segmento de hiper e supermercados, que depende do rendimento dos trabalhadores. "O crédito continua segurando as vendas do setor", acrescentou.

Bens duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis) também se beneficiam da expansão do crédito. O segmento de móveis e eletrodomésticos elevou as vendas em 4,29% em junho ante maio e 21,42% ante junho de 2004.

O dólar baixo manteve os efeitos positivos para o segmento de materiais para escritório, informática e comunicação que ficou com a liderança das vendas do varejo, com aumento de 51,65% em junho ante igual mês do ano passado.