Título: Varig pode vender a VarigLog para fundo americano
Autor: Alberto Komatsu e Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2005, Economia & Negócios, p. B17
O conselho de administração da Varig está negociando com o fundo de investimentos americano Matlin Patterson a venda da VarigLog, empresa de logística e transporte de cargas do grupo, por US$ 88 milhões. A Fundação Ruben Berta (FRB), acionista majoritária da Varig, é contrária ao negócio por considerar o preço muito baixo, já que a própria VarigLog estima que o valor deve ser de pelo menos US$ 300 milhões. A venda depende ainda de aprovação do Colégio Deliberante, instância máxima de poder dentro da FRB e que é composta por cerca de 150 funcionários eleitos diretamente. A informação sobre a negociação com o fundo americano é do administrador judicial da Varig, advogado João Cysneiros Vianna, que participou de uma reunião com o conselho da empresa na segunda-feira. Na ocasião, a proposta foi apresentada pelo advogado da companhia, Daltro Borges, e pelo banco suíço UBS. Integrantes da FRB também participaram.
O presidente do conselho de administração da Varig, David Zylbersztajn, confirma a reunião, mas não revela detalhes. "O administrador judicial tem um grau de liberdade para falar que nós não temos, por administrar uma companhia de capital aberto. Não desminto, mas não posso confirmar."
O presidente do conselho de curadores da FRB, Cesar Curi, desmente que seria contrário ao valor, repetindo que "o conselho tem total autonomia para negociar". A venda, porém, terá de passar pela aprovação do Colégio Deliberante, avisa. "A venda de um ativo da importância da VEM ou da VarigLog tem que ser aprovada pelo colégio", diz Curi. "Só quando nos trouxerem a decisão efetiva, vamos dar encaminhamento à convocação da assembléia."
A intenção do conselho de "fatiar" a Varig divide opiniões no grupo e seria um dos motivos da renúncia, ontem, de um dos sete membros do conselho de curadores, o gaúcho Luiz Carlos Buaes. Sua vaga foi preenchida por Marcelo Bottini, diretor-comercial da Varig.
Na avaliação do administrador judicial, uma eventual venda da VarigLog, além de melhorar o fluxo de caixa, poderia ser usada para quitar dívidas com as arrendadoras de avião.
A ILFC, que tem 11 aviões arrendados para a Varig, já declarou que não está recebendo o pagamento corrente de quatro aeronaves e tenta reavê-las na Justiça americana. Apesar de a Lei de Recuperação de Empresas ter liberado a Varig do pagamento de parcelas de dívidas passadas, ela é obrigada a honrar despesas correntes. No entanto, a empresa não consegue obter crédito junto aos bancos e não tem capital de giro suficiente para cobrir despesas correntes básicas, como aluguel de aviões e salários.