Título: CPI decide convocar irmão de Celso Daniel
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - A CPI dos Bingos aprovou ontem a convocação do médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito petista de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002. A convocação foi pedida em requerimento do senador Romeu Tuma (PFL-SP), sob a justificativa de que o episódio apresenta indícios de um esquema de extorsão de empresários de jogos, em proveito de partidos e candidatos. "As denúncias divulgadas pela imprensa são graves e guardam correlação dos fatos de interesse da CPI", alegou Tuma, referindo-se à informação de que Daniel teria preparado um dossiê denunciando o esquema. Com sua morte, o relatório teria sumido. "É praticamente consensual que as circunstâncias da morte do prefeito não foram até satisfatoriamente esclarecidas", afirmou Tuma.

No requerimento, o senador lembrou a suspeita de que Daniel teria sido assassinado porque conhecia "atos de corrupção contra a prefeitura de Santo André e o desvio de dinheiro para a direção do PT". "O suposto esquema incluiria o deputado José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil", ressaltou.

Tuma propôs que a CPI dos Bingos requisite cópia do inquérito policial sobre a morte do prefeito à Secretaria de Segurança paulista. O inquérito foi feito pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa.

REABERTURA

Os senadores vão pedir, ainda, cópia dos autos da investigação que está sendo feita na prefeitura de Santo André para apurar denúncias de corrupção. A medida coincide com a reabertura das investigações sobre a morte pela polícia paulista e pelo Ministério Público.

A chamada CPI do caso Santo André, requerida pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi enterrada pelo governo em março de 2004. No dia seguinte à obtenção das 27 assinaturas para a comissão, a pressão do Planalto levou os senadores Paulo Octávio (PFL-DF) e Papaléo Paes (PMDB-AP) a recuarem, retirando o nome da relação. A operação de desmonte foi atribuída ao líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e ao então líder do PMDB e hoje presidente da Casa, Renan Calheiros (AL).