Título: 'Palocci mostrou segurança de uma pessoa inocente'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2005, Nacional, p. A7

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem o seu programa quinzenal de rádio, Café com o presidente, para elogiar o pronunciamento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Eu acho que a resposta do Palocci mostrou, primeiro, a segurança de uma pessoa inocente", avaliou Lula, dizendo-se "satisfeito". "Mostrou a segurança de um homem que sabe que não vai permitir, em hipótese nenhuma, que a economia sofra qualquer abalo e acho que o Palocci deu a resposta que o Brasil precisava ouvir." Segundo o presidente, o ministro demonstrou, também, a tranqüilidade de um homem "que sabe o quer" e por isso iria "tocar o barco". O programa de ontem foi gravado de madrugada, após a reunião de avaliação da crise, com o vice-presidente José Alencar e os principais ministros, na Granja do Torto.

Lula ressaltou que, em razão de a crise ser prolongada, o governo não pode cair na paralisia. Disse que vai "facilitar as apurações", mas é preciso esperar a conclusão dos trabalhos das CPIs e, depois, a ação do Ministério Público e da Justiça.

Em outro trecho, Lula se referiu aos encontros com a população, nas últimas viagens. "O povo tem me tratado com carinho excepcional", comentou, salientando que é obrigação do presidente administrar o País e viajar para inaugurar as obras.

"Os ministros têm de cuidar dos seus ministérios e continuar fazendo as suas políticas. O Congresso tem de legislar e trabalhar com serenidade para apurar as denúncias que vão aparecendo nas CPIs", observou. "Acho que o povo brasileiro tem de ter tranqüilidade."

CAMINHO CERTO

Depois de considerar os números da economia muito promissores, Lula destacou que não pode fazer mudanças por causa da crise política. "Os números da economia me dão a garantia de que estamos no caminho certo", frisou o presidente.

Lula aproveitou para justificar por que não manteve o mínimo em R$ 384, como aprovou o Senado. "Por uma questão de responsabilidade, ou seja, o País não comportaria, a Previdência não comportaria. Graças a Deus, a Câmara fez o que tinha de ser feito e voltou o salário mínimo para R$ 300."

Em seguida, o presidente explicou por que não baixa os juros. "Não é tarefa do presidente baixar os juros, é do Banco Central." Por fim, falou de seus planos até o fim do mandato: "Tenho mais um ano e pouco de mandato e quero trabalhar de forma incansável."