Título: Fazenda reage e Maia diz de novo que ministro mente
Autor: Adriana Fernandes e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2005, Nacional, p. A8

BRASÍLIA - O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), fez novas acusações ontem contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em seu blog na internet, Maia afirmou que, ao contrário do que Palocci garantira na entrevista coletiva de domingo, o ministro assinou 18 contratos com a empresa Leão Leão quando era prefeito de Ribeirão Preto, entre 2001 e 2002. Sob o título "Leão Leão: Numa Boa", Maia foi irônico ao revelar a existência dos contratos negados pelo ministro. Segundo o prefeito, a "dispensa de licitação com toda gentileza palocciana" rendeu a Leão Leão R$ 53 milhões em 18 contratos assinados sob a gestão de Palocci.

A lista de Maia não se resume aos contratos da Leão Leão de recolhimento de lixo e que, portanto, estão sob investigação do Ministério Público de São Paulo.

Também há contratos de reconstrução de pontes, terraplenagem e pavimentação de asfalto, que não foram questionados pelo MP. Dos 18 contratos, dez foram assinados sem licitação.

É a segunda vez em dois dias que Maia centra suas baterias em Palocci. No domingo, logo depois de o ministro negar que tivesse assinado contratos com a Leão Leão quando era prefeito de Ribeirão Preto, Maia contradisse Palocci.

Também em seu blog, revelou que o petista assinou contrato sem licitação com a empresa, para o recolhimento de lixo hospitalar e manutenção de aterro sanitário.

Ontem, antes de Maia trazer à tona a existência dos demais contratos, Palocci divulgou uma nota rebatendo a acusação anterior. "O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, acusou o ministro de ter mentido na entrevista coletiva ontem (domingo). O ministro recusa essa acusação, na medida que o contrato citado não foi objeto de questionamento na coletiva", afirma a nota do Ministério da Fazenda, divulgada após o fechamento do mercado financeiro.

"Esse contrato a que o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, se refere foi fruto de um novo processo licitatório, para outro objeto: operação de aterro sanitário, coleta e tratamento de resíduos de serviços de saúde e coleta de lixo reciclado", explicou o Ministério da Fazenda. Segundo a nota, o contrato ainda está em vigor e foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Para rebater as acusações do prefeito, a nota argumenta que, na entrevista de domingo o ministro, foi questionado pelos jornalistas sobre outro contrato de coleta de lixo em Ribeirão Preto, assinado na administração anterior e mantido pela sua gestão. É esse contrato, destacou a Fazenda, que está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo.

A nova defesa de Palocci ocorreu um dia depois de o ministro ter concedido entrevista coletiva de mais de duas horas para se defender das denúncias feitas pelo advogado Rogério Buratti, seu ex-assessor.