Título: Mercado prevê queda de 0,5 ponto na taxa de juro
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2005, Economia & Negócios, p. B4

BRASÍLIA - O mercado financeiro aposta que a taxa de juros cairá 0,5 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro. Dessa forma, a taxa Selic cairá de 19,75%, nível em que se encontra desde maio, para 19,25%. Seria o início de uma trajetória declinante da taxa, que chegaria a 18% em dezembro. Esses dados constam da pesquisa semanal Focus, que o Banco Central (BC) realiza com mais de uma centena de instituições financeiras. O cenário positivo para os juros foi mantido na pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central, apesar do nervosismo do mercado com o envolvimento do nome do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em denúncias de corrupção. Mais relevante, do ponto de vista dos analistas, são os índices de inflação mais recentes, que mostram queda.

A crise também não contaminou as perspectivas do mercado para o comportamento dos preços no curto e no longo prazos. As estimativas do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano recuaram pela 14º vez consecutiva e passaram dos 5,40% da última pesquisa para 5,34%. O índice projetado, com isso, ficou ainda mais próximo dos 5,1% perseguidos pelo Copom neste ano.

Para 2006, as previsões de inflação oscilaram de 4,98% para 4,96%, mas ainda ficaram acima dos 4,5% do centro da meta já fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Uma das razões para a queda nas projeções de inflação é a tendência de o câmbio se manter estável no fim deste ano e início do próximo. As previsões de câmbio para permaneceram em R$ 2,50 e as estimativas para o fim de 2006 estacionaram em R$ 2,70.

Com o câmbio comportado, os analistas de mercado participantes da pesquisa do BC praticamente não alteraram suas estimativas de reajuste dos preços administrados neste e no próximo ano, apesar da alta constante dos preços do petróleo no mercado internacional.

Pelos números da pesquisa, os administrados subiriam 6,80% neste ano e as previsões para 2006 foram revisadas de 5,4% para 5%.

O mercado, no entanto, manteve o tom conservador de suas projeções de crescimento econômico. Para este ano, as estimativas ficaram estáveis em 3%, porcentual inferior aos 3,4% projetados pelo BC no Relatório de Inflação divulgado no fim de junho. Para 2006, as previsões foram mantidas em 3,50% pela 16.º semana consecutiva.

As expectativas quanto ao comportamento da atividade industrial, em contrapartida, tiveram pequena melhora, de 4,45% para 4,48%. Para o próximo ano, passaram de 4,33% para 4,40%.