Título: Licitação para coleta do lixo foi feita na gestão anterior
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - O ministro Antonio Palocci tentou desmontar o pilar da denúncia sobre esquema de corrupção entre a empresa Leão Leão e o PT, em Ribeirão Preto (SP), com uma declaração pontual. Orientado na noite anterior por seu colega Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, Palocci afirmou que a licitação da prefeitura de Ribeirão para a prestação de serviços de limpeza pública, no valor de R$ 50 milhões, não havia sido realizada em sua gestão, entre 2001 e 2002. A concorrência, reiterou, fora fechada no governo anterior, de Luiz Roberto Jábali (PSDB). "Longe de mim acusar o prefeito anterior de ato ilícito", escusou-se Palocci. "Mas estão misturando contratos para dizer que eu havia favorecido a empresa. Nenhum contrato que firmei tinha essa dimensão."

Segundo denúncia de Rogério Buratti, ex-secretário de Governo de Ribeirão durante o primeiro mandato de Palocci (1993-1996), a Leão Leão teria mantido um esquema de pagamento de propinas ao prefeito, de R$ 50 mil, em troca da vitória nessa licitação. O dinheiro, acusou, era repassado ao então secretário da Fazenda, Ralf Barquete, falecido em 2004. Barquete seria o responsável pela entrega do valor ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

MAIA

O prefeito do Rio, César Maia (PFL), acusou Palocci de mentir ao dizer que não fez licitação para coleta de lixo na época em que foi prefeito. Segundo o seu blog, em 2001 foi aberta uma licitação para escolher a empresa que se encarregaria do tratamento do lixo hospitalar, lixo reciclável e aterro sanitário.

Maia diz que a disputa foi vencida pela Leão Leão, que obteve contrato de R$ 41,6 milhões, por 60 meses. O resultado da concorrência saiu em 7 fevereiro de 2002 - Palocci ainda estava à frente da prefeitura, embora envolvido com a coordenação da campanha de Lula à Presidência. Procurada, a assessoria de Palocci não atendeu à reportagem do Estado.