Título: Israelense mata 4 palestinos a tiros
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2005, Internacional, p. A18

SHILÓ, CISJORDÂNIA - Um colono israelense matou ontem quatro trabalhadores palestinos a tiros na Cisjordânia. E militantes palestinos ameaçaram com uma retaliação, o que poderia complicar a retirada israelense da Faixa de Gaza. Segundo a polícia, o homem - identificado pela mídia israelense como Asher Weisgan, de 38 anos - era um motorista que transportava os trabalhadores para seus empregos na zona industrial de Shiló, um assentamento judaico na Cisjordânia. Na chegada, ele desceu do veículo, pediu um copo de água ao segurança e então roubou sua arma e disparou contra dois palestinos que estavam em seu automóvel. Depois, ele correu até o parque industrial, matando mais dois palestinos e ferindo outros três antes de ser detido pelos seguranças.

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, apressou-se a condenar o ataque, que qualificou de "ato de terrorismo judaico contra palestinos inocentes, destinado a pôr fim ao desengajamento" - sua política de separação em relação aos palestinos, que inclui a desocupação da Faixa de Gaza.

Depois do ataque, Sharon se reuniu com líderes do serviço de segurança interna de Israel, o Shin Bet.

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, chamou o ataque de "incidente terrorista" e fez um apelo aos grupos armados palestinos para que não respondam à provocação para não dar pretexto aos que buscam desculpas para Israel interromper sua retirada da Faixa de Gaza.

Em Gaza, o porta-voz do grupo militante palestino Hamas, Mushir al-Masri, prometeu que "esse crime não ficará impune". Segundo ele, "o inimigo está abrindo o portão da vingança".

Entretanto, Al-Masri indicou que o Hamas não quer atrapalhar a retirada da Faixa de Gaza. "Nenhum de nós quer que a ocupação continue, nenhum de nós pretende obstruir a retirada, mas, diante desta série de crimes, todas as opções estão de pé", afirmou o porta-voz.

Nos últimos meses, funcionários de segurança de Israel advertiram sobre a possibilidade de extremistas israelenses tentarem sabotar a desocupação lançando ataques contra palestinos.

O ataque de ontem foi o segundo relacionado à retirada israelense no período de duas semanas. No início do mês, um extremista judeu de 19 anos, desertor do Exército israelense e contrário à retirada, matou 4 árabes a tiros num ônibus e feriu mais de 20.