Título: Rosas gigantes brasileiras ganham mercado externo
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2005, Economia & Negócios, p. B14

Produtores brasileiros começaram a desenvolver espécies maiores depois de perder mercado para a Colômbia; resultados já começam a aparecer

Mais informações sobre rosas na pág. 3 do suplemento Agrícola Produtores brasileiros estão cultivando rosas gigantes para competir com as famosas rosas colombianas. Com a nova variedade, além de aumentar as vendas internas, o País conquista importantes mercados internacionais. As exportações de flores e plantas ornamentais devem ter aumento de 30% este ano, atingindo US$ 31 milhões, ante US$ 23,5 milhões no ano passado. Somente os produtores de Holambra, na região de Campinas, interior de São Paulo, pretendem exportar 1,215 milhão de unidades de rosas, o equivalente a 27% de tudo o que será exportado este ano. As variedades de tamanho maior, mais resistentes e mais duráveis, são as que mais atraem os importadores. Os maiores clientes hoje são Holanda, EUA e Portugal.

Depois de anos seguidos de perda de competitividade para as rosas colombianas, o Brasil começou a desenvolver, a partir de 2000, espécies maiores e de cores mais vibrantes. Produtores de São Paulo, Estado que lidera a produção de flores, buscaram regiões com características similares ao clima do país andino e criaram campos no Ceará e em Minas Gerais. Também desenvolveram o plantio em estufas.

Segundo Francisco Bongers, diretor da Floranet - especializada na venda de flores e plantas ornamentais diferenciadas -, os produtores já conseguem botões com até 10 centímetros, iguais aos da Colômbia. "A produção maior, porém, é de rosas com 6 a 7 centímetros, enquanto as comuns, produzidas no campo, medem entre 4 e 5 centímetros."

O cultivo de rosas gigantes é resultado também do investimento em novas tecnologias de plantio, colheita e armazenamento, assim como da liberação de importação de material genético. "Para competir com produtos de primeira linha é preciso ter condições compatíveis com as do mercado internacional", diz Bongers.

No País, há aproximadamente 12 produtores de rosas gigantes, que conseguem essa característica por serem cultivadas em regiões de maior altitude, grande luminosidade e clima fresco. O principal deles é o grupo Flora Reijers, que mantém a maior área de produção na Serra da Ibiapaba, no Ceará, além de estufas no interior de São Paulo, na cidade de Mogi Mirim. O grupo exporta 20% de sua produção.

Por causa da fama das rosas colombianas, Bongers conta que em muitas floriculturas a origem das variedades brasileiras não é revelada. "Nosso próximo passo é desenvolver um trabalho para divulgar o produto nacional", diz.

As rosas gigantes custam em média 50% a 75% mais que as comuns. O tempo de duração no vaso, segundo os produtores, chega a três semanas, enquanto a rosa comum dura pouca mais de uma semana.

FIAFLORA

Outra oportunidade para o Brasil ampliar suas exportações de flores é a rodada de negócios promovida pelo Programa Al-Invest, da Comunidade Européia, que será realizada em São Paulo no início de outubro.

Devem participar cerca de 80 representantes de empresas do setor de floricultura do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Alemanha, França e Itália. O encontro será realizado dentro da 8ª Fiaflora ExpoGarden, feira de paisagismo, flores e jardim que ocorrerá entre os dias 4 e 7 de outubro, no Centro de Exposições Imigrantes. Segundo o diretor da feira, Teodoro Henrique da Silva, o Al-Invest tem como objetivo intensificar as relações empresariais e o comércio entre Europa e América Latina.

Somente em flores de corte, as exportações de janeiro a julho aumentaram 19% em relação a igual período de 2004, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).