Título: Todos os postos do INSS abrem hoje
Autor: Aiana Freitas
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2005, Economia & Negócios, p. B4

Todos os postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) da Capital voltarão a abrir as portas hoje, após mais de 70 dias de greve. Ontem, apenas 15 das 27 unidades paulistanas funcionaram normalmente. Em praticamente todos os postos, porém, filas se formaram já durante a madrugada. Mesmo nas agências abertas o atendimento foi feito no esquema de emergência, com prioridade para os pedidos de benefícios por incapacidade, salário-maternidade, pensão por morte e benefícios assistenciais aos idosos e portadores de deficiência. Após aceitar a proposta acertada entre representantes da categoria e o governo, os servidores haviam se comprometido a voltar ao trabalho ontem. Em todo o País, vários postos permaneceram com as portas fechadas. O INSS fez um levantamento parcial e informou que os problemas mais graves ocorreram no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Amapá. Houve postos em que os funcionários estavam trabalhando, mas não atenderam aos usuários. Em outros, simplesmente não apareceram. O governo ainda não decidiu quais providências adotará a respeito.

No Estado de São Paulo, porém, muitas agências permaneceram fechadas porque os funcionários tiveram de realizar procedimentos internos para se adequar ao retorno ao trabalho. Entre os procedimentos necessários estava a atualização das senhas que eles usam para acessar os sistemas do INSS. Com isso, dez unidades permaneceram com as portas fechadas ontem, entre elas as dos bairros de Pinheiros e da Água Branca, por exemplo. Em outros dois postos (de Tucuruvi e da Avenida Brás Leme), o atendimento foi apenas parcial.

Nas próximas semanas, os postos que ficaram fechados ou prestaram atendimento parcial durante a greve vão estender o horário por duas horas, ficando abertos das 8h às 16h. O INSS informa, porém, que em algumas unidades as portas poderão ser fechadas antes das 16h. Isso vai depender da quantidade de pessoas que estiverem na agência perto do horário de fechamento. Os postos também abrirão nos próximos três sábados (20 e 27 de agosto e 3 de setembro), das 8h às 12h.

Os servidores do INSS deverão assinar, entre hoje e amanhã, o termo de compromisso que encerra a greve. A forma como será feita a reposição dos dias parados, porém, ainda será discutida com o governo, que por enquanto estabeleceu apenas a prorrogação dos horários e o expediente nos sábados. O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Pedro Totti, diz que nas assembléias estaduais os servidores se manifestaram contra a reposição aos sábados.

Outra questão polêmica é a volta ao trabalho de quem não aderiu à paralisação. O INSS elaborou um memorando que determina o pagamento de horas extras aos servidores que não participaram da greve e quiserem cumprir o horário especial de atendimento. De acordo com o instituto, porém, essa possibilidade só será cogitada se, nos primeiros dias de reabertura, houver a necessidade de que também esses funcionários trabalhem no horário especial. Ainda assim, a determinação precisa ser autorizada pelo Ministério do Planejamento.

Totti não concorda com a medida. "A hora extra vai acabar sendo uma premiação para quem não fez greve." Segundo ele, o que geralmente ocorre é um acordo entre grevistas e não grevistas para que esses também façam o horário especial sem receber horas extras.