Título: Presidente da Sercomtel é afastado do cargo por juíza
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2005, Economia & Negócios, p. B10

LONDRINA - A juíza Cristiane Ferrari, da 9ª Vara Cível de Londrina, Paraná, afastou do cargo o atual presidente do Serviço de Comunicações Telefônicas (Sercomtel) da cidade, a menor e única empresa de telefonia ainda controlada pelo poder público no País. A Sercomtel é administrada pelo município, que detém 55% das ações, e pela Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), estadual. A juíza afastou João Rezende - que estava no cargo há menos de dois anos - alegando que, assim, evitaria que eventualmente ele pudesse prejudicar as investigações sobre um nebuloso caso de espionagem e vazamento de informações sigilosas da empresa.

O imbróglio teve início em setembro do ano passado quando, em pleno processo eleitoral, a Promotoria de Investigações Criminais descobriu em poder do detetive Paulo Rodrigues dezenas de fotocópias com ordens judiciais para quebra de sigilo telefônico e extratos detalhados das contas telefônicas do prefeito Nedson Micheleti e de dois secretários municipais, o da Fazenda e o de Obras. Micheleti e Rezende são do PT. Rezende foi indicado pelo ministro do Planejamento Paulo Bernardo, também do partido, que é deputado federal licenciado e tem sua base eleitoral em Londrina.

O Ministério Público (MP) acusa Rezende de ter fornecido os documentos ao detetive. Rezende, por sua vez, diz que está sofrendo represália por ter impedido que o MP continuasse quebrando sigilos telefônicos sem autorização da Justiça. A juíza reconhece não ter encontrado vinculação entre Rezende e o detetive.

O prefeito saiu em defesa de Rezende, garantindo que "não existe nada que comprove o envolvimento do presidente do Sercomtel no caso citado pelos promotores", e Rezende se queixou de não ter tido a oportunidade de apresentar o "direito ao contraditório". Seu advogado, Carlos Alberto Paoliello, promete recorrer.