Título: Assessor de Palocci é convocado pela CPI
Autor: Rosa Costa e Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA - A CPI dos Bingos convocou para depor Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e citado como um dos envolvidos no esquema de fraudes em licitações do lixo e lavagem de dinheiro que está sob investigação da Polícia Civil e da Promotoria de Ribeirão Preto. A data ainda será marcada. Autor do requerimento de convocação, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) lembrou que Juscelino presidiu a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto na gestão de Palocci na prefeitura. Juscelino é ligado ao advogado Rogério Buratti, que na sexta-feira acusou Palocci de receber R$ 50 mil por mês de um esquema de propinas. O dinheiro, conforme denunciou ao Ministério Público, era entregue ao secretário de Fazenda Ralf Barquete, que o repassava ao então tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Buratti preservou Juscelino das denúncias. Amigos de longa data, foram sócios na empresa de informática W.Way, em Ribeirão. O MP dispõe de gravações em que Buratti cita Juscelino - chamando-o de "J" - como um dos envolvidos nos acertos para fraudar licitações de prefeituras.

No depoimento que deu à CPI no dia 9, Buratti recorreu à essa "velha ligação de amizade" para explicar o fato de ter ligado várias vezes ao chefe de gabinete de Palocci quando da renovação do contrato das loterias da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech. Ele disse que era padrinho de casamento de Juscelino, mas negou que tenha chegado a se encontrar com ele na Fazenda. Para checar a informação, a CPI pedirá ao ministério cópia da lista de pessoas que tinham acesso ao gabinete pela portaria privativa.

A quebra do sigilo telefônico de Buratti, entre fevereiro e março de 2004, mostra que o celular de Juscelino foi o terceiro mais chamado. Ganha do número da casa de Palocci, em quinto lugar, e perde para o da cafetina Jeany Mary Corner e do diretor da Leão Leão, Marcelo Franzine. O quarto da lista é Ralf Barquete, que morreu no ano passado.