Título: Colônias não eram bastião de religiosos, diz analista
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2005, Internacional, p. A14

A forças de segurança de Israel concluíram a retirada duas semanas antes do previsto, com um número insignificante de incidentes graves com os colonos e sem ter de enfrentar ataques de grupos palestinos. Além disso, houve apenas casos isolados de deserção de soldados. "Todos desempenharam seu papel com perfeição: os soldados, que foram bem treinados, os colonos, que não recorreram à violência, e a Autoridade Palestina", comenta o analista político israelense Gabriel Horenczyk, especialista em resolução de conflitos na Universidade Hebraica de Jerusalém. "Não foi disparado um único tiro. O mais surpreendente para Israel foi o modo como o governo palestino foi capaz de evitar ataques do Hamas. antes mesmo do início da desocupação."

Esse sucesso animou os grupos israelenses favoráveis à remoção de um número maior de colônias da Cisjordânia ou ao retorno às fronteiras de 1967, como querem os palestinos.

Mas Horenczyk observa que a remoção pacífica foi possível porque o número de colonos era pequeno e, no caso das quatro colônias da Cisjordânia, a maioria era secular. "Muito poucos em Gadim, Kadim, Sanur e Homesh eram religiosos nacionalistas. Em colônias como as de Hebron e outras perto de Belém, que têm maior população e são simbólicas para o judaísmo, seria muito mais difícil." Ele estima que, por razões históricas, religiosas e de segurança, o apoio da população de Israel a retiradas na Cisjordânia será bem menor do que o dado ao atual plano, que beirou os 60%.